Por Marcelo Guido
Lá se vão 25 anos da partida do cara que semeou o rock, embalou romances e construiu o caráter de muitos, inclusive deste que escreve.
Com russo aprendi que que realmente não temos mais o tempo que passou, que somos soldados pedindo esmolas e que somos as sobras da geração coca cola.
Aprendi que o gosto amargo fica realmente na boca, que o céu que já foi azul ficou cinza, e que no espelho vemos um mundo doente.
Descobri que a tristeza se parece com a cocaína, que ao fugir de casa queremos colo, perguntei que país é esse e acreditei que o Brasil é o país do futuro.
Perdi mais de 29 amizades , por conta de pedras nas mãos , me senti só, e convivi bem com isso, pois dizem que a solidão me cai bem.
Vi que nas escolas não tem personagens, que o fim do mundo já passou e que realmente o sistema é mau, mas a turma é legal. Realmente viver é foda.
Cansei de ouvir Freud e Marx em mesa de bar e muitas vezes soube que alimento pra cabeça nunca vai matar fome de ninguém.
Tive filhos e repassei ” On The Road” pra eles, e muitas vezes eu não pertenço a ninguém.
Vi que o amor é bom, não quer o mal, não sente inveja. Que nas tardes queremos descansar , sem ligar pra quem guarda os portões da fábrica.
Não confundo mais a ética com éter, e quando ele se foi eu só tinha dezesseis, mas o que de tão estranho se tem se bons morrem jovens.
E mesmo dizendo que ainda é cedo, mesmo ficando com a saudade e pedindo explicações para o inventor do amor , nós vamos celebrar a estupidez de quem escreveu essas linhas.
Mesmo só aparecendo quando convém aparecer, nós sabemos quem é o inimigo, quem é você.
Salve Renato Russo!
*Marcelo Guido é jornalista, pai da Lanna Guido e do Bento Guido e maridão da Bia.