Considerações sobre a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.

Morei no Rio de Janeiro minha vida toda antes de escolher o Amapá. Como verdadeiro Carioca, vivi as praias, os morros, o subúrbio (que é diferente dos morros) e participei ativamente do samba e de tudo que implica existir no Rio. Saí de lá, a mais de 11 anos, por achar que havia muita violência. De lá para cá, só piorou.

Observamos hoje a intervenção federal na área de segurança no Rio de Janeiro como medida necessária. Alguns alertam que não é o Estado mais violento, que outros também deveriam ter esse “privilégio”; uns informam que a intervenção é de aspecto puramente oportunista e eleitoreiro; outros esclarecem que o Rio contribui demasiadamente para a economia nacional; mas estes pontos, todos eles relevantes, pouco importam para as considerações a seguir.

Sem ser profeta do caos, algumas notícias dessa semana preocuparam demasiadamente. O Interventor anunciou parte de seu planejamento, mas não indicou seus assessores – novos Secretários Estaduais, inclusive. Está agindo cautelosamente, diferente de vacilante, aparentemente está se baseando em serviços de inteligência. Se somarem a inteligência das Forças Armadas com as das Polícia Civil e Militar do Rio de Janeiro, acredito que pode ter jeito a situação.

Essa cautela se verifica na ação dos comandados pela intervenção, que apreenderam muitas armas nessa semana (e drogas também), seja por terra, por ar ou por mar. Essas apreensões evidenciam que as inteligências estão agindo em conjunto e que vão “sufocar” o crime no Rio. Esse crime está com menos dinheiro e drogas, pois pagou para elas chegarem e foram interceptadas.

De outro lado, vê-se que a quantidade de armamento apreendida somente nessa semana (25.2 a 4.3) foi altíssima. Essa apreensões não servem para demonstrar um histórico de “importações” de armas e munições para o Rio. Em verdade, ela comprova que tão logo o crime organizado soube da intervenção, tratou de negociar a compra de suas armas e munições.

Já temos anúncio oficial de colaboração interestadual para fechamento das fronteiras do Rio de Janeiro. Agora temos o anúncio não oficial de que o crime busca se equipar “até os dentes”.

A guerra está anunciada. Se eu não tivesse saído antes, estaria saindo agora. Peço desculpa a esse desserviço ao Rio, que pode ser entendido como propaganda contra o turismo e os negócios de lá, mas me importa mais as vidas que se perderam em meio a esse combate. O crime sem dinheiro e drogas para vender vai buscar esses recursos aonde?

De um lado há os que vivem do crime, estes não vão se render só pela presença das Forças Armadas, vão lutar pelo seu “trabalho”. Se do outro lado temos militares que não vão aceitar resolver pela metade o problema – são sérios, fui militar por 5 anos –, é porque haverá combate.. Se realmente eu fosse ficar no Rio, sairia por um tempo, até as coisas se acalmarem.

Por Vladimir Belmino de Almeida, membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, membro da Academia de Letras Jurídicas do Amapá e membro da Academia Amapaense Maçônica de Letras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *