Devaneio de hoje: Antigamente

 
Antigamente a gente escrevia na camisa dos colegas no fim do ano, o que simboliza que cada um levaria a lembrança daquele amigo. Antigamente nós rabiscávamos o gesso da fratura que a pessoa querida tinha adquirido em algum acidente, diziam que ajudava na torcida para a calcificação rápida ou algo assim. 
 
Antigamente rolava ovada nos aniversariantes, brincadeira pra lá de sem graça com quem “tava de berço”. Ah, por falar em gracejos de mau gosto, também lembro que antigamente nós “conferíamos” o caderno do colega, numa disputa doida de que estragava mais o material alheio.
Antigamente todo mundo se conhecia em Macapá, se não de falar, pelo menos de vista. Muitos dizem que, antigamente, eu era mais legal. Já acho que antigamente era mais bobo e servia de besta para os que gostam deste gordo de antigamente. Antigamente voltávamos bêbados da cabeça do velho Trapichão, após termos matado aula no Colégio Amapaense, sempre desviando de buracos que o antigo cais tinha na madeira deteriorada. 
 
Antigamente era doido varrido. Hoje, muito menos. Antigamente eu vivia na casa da vovó, com ela, meu pai e tios. As reuniões eram mais frequentes. Antigamente tava todo mundo aí: Zé, Ita e João. Antigamente o Emerson morava aqui. Sinto saudades deles todos os dias. 

Antigamente eu era um arruaceiro, hoje um cidadão mais comum, mas ainda fora dos padrões. “Eu não ando só, só em boa companhia” – Vinícius. Quem anda comigo é que anda em má companhia, pois não se faz mais malandro como antigamente. Às vezes, a nostalgia faz com que a gente sinta muita saudade do que foi vivido e o “antigamente” parece ter sido mais feliz.  Só que são somente boas lembranças, pois a vida é firmeza agora. Bora viver!

 
Elton Tavares

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