Devaneio de hoje: Ontem eu quase morri


Ontem eu quase morri. Tudo bem que os exames não deram em nada, mas foi um grande susto. Eram quase 16h de quarta-feira, 10 de julho de 2013. Comecei a sentir meu braço esquerdo formigar e esquentar, além disso, o coração acelerou. Pensei: fudeu! 

Não é eufemismo e nem ironia, eu pensei que ia morrer mesmo! Apesar de ter somente 36 anos (apesar do trabalho que dei ao meu anjo da guarda, já vivi pelo menos 40, ah se vivi!), to muito porrudo. Sim, engordei mais ainda depois que parei de fumar. Pra piorar, não faço exercícios físicos.  Quando os sintomas começaram, pensei: vou enfartar! 

Tratei de pegar um táxi rumo ao hospital da Unimed. No caminho, longo caminho, liguei para meu irmão e mãe, vai que não consigo me despedir. Até pensei em ligar pra mais gente, mas fiquei com vergonha. Além do mais, não teria charme algum se não fosse uma notícia chocante, arrebatadora, enfim, surpreendente. 

Brincadeiras à parte, o táxi nunca chegava e a agonia aumentava. Pensei em tudo que fiz, de bom e ruim. Nada de exame de consciência, pois daria negativo, mas o tal do filme passa mesmo pela cabeça de quem acha que está na reta dos boxes. De quem pensa que vai subir no telhado, abotoar o paletó, ir para Cayena, bater as botas e por aí vai…

Eu já me meti em tantas brigas de rua, dois acidentes de trânsito, viagens nada seguras de carro e avião pequeno, porque morreria de enfarto? Seria muita sacanagem! 

Falando em sacanagem, esse papo de morrer é injusto. Mais triste para quem faz a passagem cedo, como já vi tantos queridos fazerem. Como disse o saudoso humorista Chico Anysio: tenho pena de morrer. Sim, pena, mas de mim mesmo. Tédoidé? Comecei a pensar sobre minha vida. Todas as viagens que não fiz e shows de rock que não assisti. Enfim, sobre tudo que ainda tenho pra conquistar, sentir e viver. 

No final das contas, quando o requerimento chegou na mesa de Deus, ele deve ter dito: o Godão não, ele ainda precisa aprontar muito lá embaixo e o arquivou. Dona Morte vai esperar um bocado ainda, pois não foi dessa vez.  E se ela chamou, não dei confiança. 

Resultado do susto: dieta nessa porra. Apesar dos exames não atestarem nada(Eletrocardiograma e pressão normal), chegou a hora de pisar no freio. Não parar com tudo, afinal, quem me conhece sabe, não dá pra viver sem gelo. Só que agora é só nos findis. Além disso, vou fechar a boca. Vai que esse bere-bere volta e termina o serviço? Não, ainda não!

Enfim, ontem quase morri, talvez só de medo de morrer. Mas descobri que estar por aqui é muito firme. E pretendo continuar mais tempo. Muito tempo!

Elton Tavares

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