Dia do Turismo Ecológico: de parques a ilha, conheça 5 roteiros para conhecer mais do Amapá

Recanto da Aldeia, praia que fica na Ilha de Santana, no Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Por Victor Vidigal

O Amapá, como estado com área mais preservada do Brasil, tem muito a oferecer a quem procura a natureza, que valorize o meio ambiente e a cultura dos povos tradicionais e ribeirinhos. Pensando nisso, o G1 preparou, neste domingo (1º), Dia do Turismo Ecológico, um guia com 5 opções de passeios no estado.

As dicas vão desde lugares próximos da capital, como a Ilha de Santana, até os com mais dificuldade de acesso, como o Cabo Orange.

Cada roteiro conta com um comentário do guia de turismo Marcelo de Sá Gomes, especializado em turismo ecológico no Amapá. Ele deixa algumas dicas de passeios e uma média de custo, que pode variar dependendo da estação do ano, número de pessoas e objetivo da viagem.

Recanto da Aldeia tem praia para o Rio Amazonas — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Ilha de Santana

A 23 quilômetros do Centro de Macapá essa é uma das opções mais próximas da capital para aos amantes da prática de “trekking”. Durante o percurso de mais de 3 quilômetros o turista tem contato com ecossistema de mata de várzea e cerrado, além de árvores como a Samaúma. A trilha não é formatada, mas tem um caminho usado pelos comunitários.

Atrativo principal: Ao final da trilha, chega-se ao Recanto da Aldeia, uma espécie de praia com areias claras, em uma das margens do Rio Amazonas.

Acesso para a Ilha de Santana pode ser feito de catraia — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O guia de turismo Marcelo de Sá Gomes descreve que nesse roteiro o visitante pode conhecer a vivência da comunidade amazônica que conta com extrativismo de açaí, agricultura familiar, plantações de frutas e carpintaria naval.

“Lá ele ainda vai ter contato com extrativismo do açaí, agricultura familiar,plantações de acerola, bacaba, mandioca, caju, taperebá. Na parte oeste de ilha tem também a carpintaria naval, além de poder conhecer a pesca de camarão e duas espécies de botos”, disse Gomes.

Acesso: é considerado fácil, pela Rodovia JK. É feito de carro, motocicleta ou ônibus até o Porto do Grego, em Santana. De lá, o turista consegue ir de catraia à ilha. O tempo médio de deslocamento partindo do Centro de Macapá varia de uma a duas horas, dependendo do transporte escolhido.

Média de custo: de acordo com o guia de turismo, um passeio de um dia custa em média R$ 150 por pessoa, com transporte e guiamento. O trajeto só de catraia pode sair mais barato, R$ 2, da sede do município à ilha, mas é necessário conhecer a região para poder fazer a trilha.

Vila de Mazagão Velho guarda muito da história do Amapá — Foto: Gabriel Penha/Arquivo G1

Mazagão Velho

Ótima opção para quem busca conhecer mais sobre a religiosidade, história e cultural do Amapá. A vila, construída durante a época do império português, ainda guarda um pouco da arquitetura colonial em algumas casas, e um cemitério com restos mortais das pessoas que moravam na região.

Atrativo principal: uma escavação feita 2006 de um grupo de arqueólogos da Universidade Federal de Pernambuco que mostra as ruínas da primeira Igreja de Nossa Senhora de Assunção, construída no século 18.

Marcelo de Sá aponta outras atrações como um centro de cerâmica das culturas Maracá e Cunani, as mais tradicionais do estado, além de um passeio até o foz do Rio Mutuacá, que passa em frente a cidade, que deságua no Rio Amazonas. Ele ainda destaca a riqueza cultural da região.

Ruínas da primeira igreja em honra à Nossa Senhora de Assunção, em Mazagão Velho, no Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

“Cada época que a gente vai no Mazagão tem uma manifestação cultural. Não é só a festa de São Tiago, o resto do ano todinho tem muitas festas no município, como a festa de São Gonçalo, em janeiro”, disse o guia de turismo.

Acesso: é considerado fácil, pela AP-010. A cidade fica a cerca de 70 quilômetros de Macapá. Pode-se chegar por meio de carro, motocicleta ou ônibus, por estrada asfaltada. O tempo médio de deslocamento do Centro de Macapá até a cidade também varia de uma a duas horas, dependendo do transporte escolhido.

Centro de Cerâmica Maracá e Cunani em Mazagão Velho — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Custo: de acordo com o guia de turismo um passeio de um dia custa em média R$ 90 por pessoa, com transporte e guiamento. Sem auxílio de guia, o passeio pode ser gratuito, já que as atrações não cobram valor para entrada.

Trilhas podem ser feitas na Floresta Nacional do Amapá (Flona) — Foto: Alex Silveira/O Globo

Floresta Nacional do Amapá

Para fazer a visita é necessário ter autorização do Instituto Chico Mendes da Preservação da Biodiversidade (ICMBio), contactar um guia que conheça o local e ser acompanhado por alguém da comunidade. A floresta com mais de 450 mil hectares é uma das Unidades de Conservação do estado.

Principal atrativo: a rica biodiversidade do local com espécies de animais e árvores ainda não catalogadas pela ciência.

O guia de turismo Marcelo de Sá Gomes explica que a Flona oferece diferentes roteiros desde caminhadas pela floresta, banhos e produtos artesanais. O turista pode decidir qual encaminhamento dar ao passeio.

“A gente apresenta o roteiro e ele [turista] escolhe aonde quer visitar. Além da floresta com várias árvores gigantescas, dentro desse roteiro tem cachoeiras, tem corredeiras e até a visita a uma cooperativa da região que trabalha com sabonetes e pastas de andiroba, copaíba, breu branco e fava”, explicou Gomes.

Turistas durante viagem à Floresta Nacional do Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Acesso: a dificuldade é mediana. O principal acesso é feito pelo Rio Araguari partindo de Porto Grande, município a 102 quilômetros de Macapá (o acesso é pela BR-210). O tempo de deslocamento da capital até a Flona varia de 3 a 5 horas, dependendo da estação do ano.

Custo: de acordo com o guia de turismo um passeio de três dias dia custa em média R$ 1 mil por pessoa, contando transporte, guiamento. É recomendável que o turista leve material de acampamento e alimentação, pois no local não há hotel e nem restaurante.

Vila Brasil, em Oiapoque, e Camopi, comunidade fica do lado francês do Rio Oiapoque — Foto: Guillaume Feuillet/Parc amazonien de Guyane

Vila Brasil e Camopi

No extremo Norte do estado fica a Vila Brasil, um distrito de Oiapoque. Estando na área, é fácil também conhecer de bônus a comunidade Camopi, pertencente ao território da Guiana Francesa. Ambas as localidades estão na área do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, o maior do país.

Principal atrativo: intercâmbio cultural entre a população indígena brasileira e francesa.

Visitas a florestas precisam de guia — Foto: Rede Globo

Marcelo de Sá fala que a visita é mais do que um passeio, e sim uma expedição. As comunidades têm pousadas, o que facilita a vida do turista, mas durante a entrada em regiões de floresta não há infraestrutura.

Ele também ressalta que o turista precisa estar com passaporte regularizado por se tratar de um território estrangeiro. Também é necessária autorização do ICMbio para entrar no parque.

Acesso: é considerado difícil. É preciso ir até Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá, via BR-156. No município é feita uma viagem de barco, “subindo” o rio de mesmo nome da cidade. O deslocamento de Macapá até as comunidades leva em média 15 horas.

Custo: de acordo com o guia de turismo um passeio de 3 dias dia custa em média R$ 2 mil por pessoa, contando transporte e guiamento. Há viagens de ônibus com saída todos os dias da Rodoviária de Macapá rumo à sede de Oiapoque.

Vista do passeio feito de barco no Cabo Orange — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Cabo Orange

Também uma região entre o Amapá e a Guiana Francesa, a viagem até o Parque Nacional do Cabo Orange é feita de barco pelo Rio Oiapoque. Até a chegada no parque, o turista passa por comunidades de pescadores e indígenas, além de regiões montanhosas na comuna francesa de Ouanary.

Principal atrativo: conhecer as montanhas do lado francês, e o ecossistema de manguezais, predominante na costa do Amapá.

O guia de turismo orienta que a saída de Oiapoque seja feita antes do amanhecer, para aproveitar a aurora e ver ecossistema “acordando” de dentro da embarcação. Ainda podem ser feitas caminhadas pelas montanhas de Ouanary.

Passeio no Cabo Orange, no Norte do Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

“Nesse percurso vai amanhecendo e a gente consegue visualizar a entrada de cardumes de peixes, revoada de pássaros, a gente conhece o ecossistema dos manguezais. Ficamos fazendo meio que zigue-zague entre Amapá e Guiana Francesa até a chegada no parque nacional, onde turista tira fotos e registra o momento da forma que preferir”, disse Gomes.

Acesso: também é considerado difícil e precisa do acompanhamento de um guia de turismo e autorização do ICMbio. A saída é feita pelo rio do município de Oiapoque até o Cabo Orange. O deslocamento de Macapá até o parque leva em média 15 horas.

Custo: de acordo com o guia de turismo, um passeio de 3 dias dia custa em média R$ 2 mil por pessoa, contando transporte e guiamento.

Fonte: G1 Amapá

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