DISCORDANDO DE ADORNO E HORKHEIMER

Por Adnoel Pinheiro 

Em seu ensaio “o iluminismo como mistificação das massas” os pensadores da escola de Frankfurt Theodor W. Adorno  e Max Horkheimer  cunham o tema da indústria cultural  através de criticas mais acintosas. Afirmam que a cultura contemporânea a tudo confere um ar de semelhança, ou seja, as nossas formas de reprodução técnica da cultura acabam por propiciar a sua repetição, deixando tudo semelhante e corroborados a isso estariam os meios de comunicação de massa que estão harmonizados entre os seus setores. 

Seguindo o tema chave abordado pelos autores que é a “Indústria Cultural” podemos fazer um paralelo reflexivo sobre a arte como mercadoria na contemporaneidade e nos permitir discordar em alguns aspectos da visão radical dos autores. Apesar de sabermos que a indústria cultural é algo inerente à cultura pós Revolução Industrial, o objetivo desse texto não é abordar a cultura de modo geral, pois iríamos ter que contextualizar bastante, então irá enfatizar a música e especificamente o Rock and Rool, gênero que tenho muito apreço.

Os pensadores Adorno e Horkheimer acabam por afirmar que os acontecimentos relativos à indústria cultural não decorrem exclusivamente da vontade dos que controlam ou fazem parte desses meios e técnicas, mas, também do público em geral que aceita esses fatos sem oposição. Partindo dessa afirmação podemos discordar dos pensadores, pois se pegarmos os movimentos de resistência, mídias alternativas como: blogs e canais diversos no ciberespaço podem elucidar que o público em geral nem sempre é passivo aos fatos relacionados à indústria cultural, desta forma estaria havendo uma generalização e exagero por parte dos pensadores e certa radicalização em seus pontos de vista.  Se o advento da indústria cultural não existisse ou se passarmos a vê-la com algo ruim como colocada pelos autores Adorno e Horkheimer não seria possível a divulgação de bandas de rock na forma que a conhecemos, a distribuição em massa da música ficaria comprometia e por seguinte deixaríamos de conhecer o trabalho de vários artistas, não só no ramo musical, mas na literatura, teatro, artes plásticas etc.

A indústria cultural se encarrega da distribuição em massa da cultura a qual os pensadores afirmam sem autenticidade. Essa distribuição técnica envolve não só a arte, mas também a política. Essa autenticidade é impossível com a distribuição em série, pois a cópia coloca o original em situações inimagináveis. Mas se analisarmos por outro ponto de vista, diferente de Adorno e Horkheimer, essa “cópia” sem aura alcança lugares também inimagináveis e públicos que jamais teriam a oportunidade de ver ou adquirir uma verdadeira obra de arte clássica, dando a oportunidade a nações, sociedades, lugares de conhecerem objetos culturais que talvez sem essa difusão em massa jamais tivesse a chance de conhecer. Esse é um ponto positivo a se ressaltar no processo de distribuição técnica da arte. Hoje temos a televisão, rádio, internet e as revistas especializadas em música que é o tema principal desse texto. Esses conglomerados midiáticos formam um gigantesco sistema de difusão da informação e comunicação nos trazendo a todo o momento informações sobre artistas, bandas e eventos culturais.

Os pensadores afirmam que tudo que é feito hoje já foi feito anteriormente e que na indústria cultural não existe autenticidade, e sim o equivalente estético da dominação. Mais uma vez nos permitimos discordar de tal afirmação dos teóricos, pois a própria indústria cultural acaba por beneficiar alguns artistas e bandas de rock na elaboração de materiais mais autênticos através da mistura de sonoridades e influências de décadas anteriores postas em prática hoje em dia. Feito isso, os consumidores de arte ao se depararem com essas múltiplas influências exercidas pelos artistas tendem a buscar e conhecer o que e quais as influências que norteiam a arte de seus ídolos. Isso acaba sendo um ponto positivo no resgate da sonoridade de décadas anteriores onde a indústria cultural não se fazia presente com tanta intensidade a qual se faz hoje. 

Não há duvidas quanto as inúmeras e brilhantes conclusões as quais, Max Horkheimer e Theodor Adorno chegaram na elaboração do texto “o iluminismo como mistificação das massas”. A indústria cultural, a serviço do sistema capitalista, utiliza-se de diversas áreas, principalmente, das artes e da política para manter a dominação de uma burguesia privilegiada sobre um fragilizado e estigmatizado proletariado. A tão sonhada liberdade, que se acreditava, seria talvez alcançada com o advento do pensamento racional dentro da corrente iluminista, e não se concretizou; ao contrário agora se observa uma forma de fascismo, este, no entanto mais sutil e mais incisivo, perceptível no poder concedido pelos autores à indústria cultural. Esse poder, não corresponde a nossa realidade. A teoria hipodérmica, muito perceptível nesse texto dos autores da escola de Frankfurt, atualmente não se mostra muito prestigiada, principalmente após estudos feitos, pautados não na emissão da mensagem e sim na recepção.

A indústria cultural tem sim seu poder, que se dissemina através das mídias transformando a cultura e a arte mais palpáveis, mas vale ressaltar que esse poder não é absoluto em seus efeitos sobre a massa. 

                                      REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. A indústria cultural – o iluminismo como mistificação das massas. In: Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 

COELHO, Teixeira. O que é Indústria Cultural. São Paulo: Brasiliense, 1996.

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