Discos que formaram meu caráter (Parte 14) – Plebe Rude- O Concreto já Rachou (1985)


Muito bem gente, depois de muitas emoções na semana passada, estamos de volta para falar de disco, música e muitas outras bobagens interessantes. Sim, pois o que seria da vida sem elas.

O disco em questão trata-se de uma perola dos anos 80, ah os anos 80, década perdida, liberdade, estouro do rock, e muitos outros clichês que vemos por ai. Sim, estamos falando de “O Concreto já Rachou”.

Corria o ano de 1985, o melhor time do Brasil era o Bangu e o craque da moda atendia pelo nome de Jacozinho. Eleições indiretas, inflação, fim da ditadura.

No parâmetro musical, as bandas brasileiras faziam sucesso. A discoteca do Chacrinha ia todo vapor. Nesse contexto, vem do distrito federal uma banda com o nome sugestivo de “Plebe Rude”. 

Na batalha desde o começo dos anos 80, a trupe formada por Philipe Seabra (com “PH”, mesmo), Jander, André X , Gutjer, andava mais focada em critica social e a demostrar toda sua influencia do punk inglês. Talvez influenciada por toda aquela onda de novidade, ou aquela de “agora a gente pode falar, e mostrar oque está errado”. Eram tempos novos. Não é exagero falar que os caras eram praticamente o “The Clash” brasileiro (já tínhamos “The Police” nacional, o “The Smiths” Tupiniquim)  não custava nada mais outra cópia.

Curiosamente, o disco inaugura um novo formato, tal de “mini LP”, contem apenas sete músicas, isso por que  a gravadora resolveu aproveitar um  “surto” de consumo e jogou a molecada  logo no mercado, estouro comercial, duzentas mil “bolachinhas vendidas”, o maior sucesso dos caras.

Mas apesar do tamanho pequeno o disco não passa em branco, o contexto explorado e sim de muita importância, não é a toa que o “mini” esta entre os 100 discos mais influentes da música brasileira, segundo a Rolling Stone (importante revista musical). 
A rádio tocou ao máximo o conteúdo, e não teve como não conhecer a verve dos caras.

Vamos as faixas:

Começa forte com “Até quando esperar”, sim ela mesma o cargo chefe da banda abre as cortinas da curta viajem, letra genial, praticamente um pedido por justiça social. Vai para “Proteção”, um calhamaço de criticas ao sistema, a polícia, a politica e tudo que oprimia os cidadãos. Chega em “Jonhy vai Guerra”, baseada em um filme de mesmo titulo, fala de guerra, repressão e intolerância, algo marcante na época. 

Tem também “Minha Renda”, uma singela homenagem Herbert Viana, que para muitos estava ganhando uma boa grana. “Sexo e Karatê”, apesar do nome fala de televisão, melhor a mesmice dos enlatados (odeio esse termo) americanos que passavam na nossa telinha. “Seu Jogo”, o jogar diário da vida, a busca pelo velho e bom “se dar bem” do dia-dia, e termina em “Brasília”, mostrando todo lado critico da capital da esperança.

Sim curtíssimo no tamanho, mas imenso na importância. Um disco atemporal, se ouvir hoje, não vai dever nada.

Um dos melhores discos de Rock Nacional, de todos os tempos, não pode deixar de ser reconhecido como clássico.

É triste reconhecer que hoje, 28 anos depois, ainda não sabemos “até quando esperar”.

Marcelo Guido é Punk, pai, marido, jornalista e professor “Infelizmente, caras como eu estão ficando velhos…”.

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