Discos que formaram meu caráter (parte 36) – “Metallica (Black Álbum – 1991)” – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Muito bem moçada, estamos de volta neste obscuro universo dos discos, nesta nave muito louca com este viajante que vos escreve de algum ponto distante da galáxia. Inebriantemente posso dizer a vocês aumentarem o som que hoje é dia de porrada. Com muita honra que eu trago para vocês:

Metallica (Black Álbum) palmas pra ele.

Corria o ano sagrado de 1991, como já disse algumas vezes o ano que todos os deuses da boa música estavam do lado das bandas e providenciaram uma safra imensa de clássicos. 1991 é realmente um marco na história dos bons discos.

E o Metallica foi contagiado por essa nevoa de inspiração e veio com essa bomba (no ótimo sentido) de boas canções.

Já aclamados como uma super banda no universo do Metal e consolidados com uma multidão de fãs no mundo todo, os caras do Metallica já tinham provado a todos que o som pesado era a praia deles, os excelentes “ Kill Em Mall” (1983), “ Ride The Lightning” (1984), “Master Of Puppets” (1986) e “…And Justice For Hall” (1988) não deixavam dúvidas que os caras de San Francisco não brincavam em serviço quando o assunto era bater cabeça.

Mas como continuar arrebentando nas paradas e tendo uma continuação no bem sucedido trabalho sem parecer repetitivo? Talvez com essa dúvida na cabeça os caras voltam ao estúdio para preparar um novo disco. A atenção tinha que ser milimétrica, o metal já começava a ser ameaçado pelo grunge de Seattle e as bandas daqueles caras sofridos com blusa de flanela também já estavam alcançando o mainstrean , o recado era claro, quem não tivesse a coragem de tentar, iria ficar para trás.

Cartas na mesa, opções claras, ficar no mundinho metal e usufruir sabe lá por quanto tempo da confortável posição já conquistada ou partir para novas águas rumo a um desconhecido caminho.

E assim, no dia 12 de agosto de 1991 , os caras surpreenderam os fãs e o mercado da música deixando de lado o Thrash Metal e se colocando de vez no Heavy Metal .

Vamos ao que interessa e dissecar logo esse míssil sonoro:

O disco começa com a sombria “ Enter Sadman”, uma explanação sobre os sonhos ruins. “ Sad But True”, nem todas as verdades são boas. “ Holier Than Thou”, faça sempre uma autocrítica, você não é melhor que ninguém , “ The Unforiven”, até onde podemos culpar alguém que sempre foi sabotado pela vida. “Wherever I May Roan”, opção de ser só, sem compromisso. “Don`t Tread On Me”, para assegurar a paz é preciso estar preparado para guerra. “ Through The Never”, temos fome de estar vivo. “Nothing Else Matters”, nada mais importa, somos o que somos. “Of Wolf and Man”, somos nosso próprio lobo, sempre vagamos. “ The God That Failed”, siga o Deus que falhou. “ My Friend Of Misery” a diversão de um homem é o inferno do outro. “ The Struggle Within”, procure sempre o melhor dentro de você.

Antes de tudo um disco que abre portas, medalha de ouro 18 quilates na categoria “foda”.

Maior sucesso da banda, disco de rock mais vendido de todos os tempos, a banda nunca vendeu menos de 1000 cópias por semana desde o seu lançamento. Todos os 5 singles lançados ficaram entre os 100 mais vendidos da Bilboard.

O que isso quer dizer? Que realmente os caras fizeram bem em se reinventar e quem não tem coragem está fadado à mesmice. Os caras realmente tiraram o pé, mas fizeram um disco ruim? Porra nenhuma.

Confesso que no começo estranhei , mas tive que aceitar e dar o braço a torcer pro trabalho dos caras. Incrivelmente como este álbum me tocou. E sei que muitos começaram a escutar o Metallica depois dele. E se até aquele teu primo esquisito fã de Duran Duran passou a escutar Metallica, paciência.

Foda-se a polícia Headbanger, sim este disco marcou o fim para muitos fãs, mas o começo para milhares. E o Metallica provou ser uma banda autêntica, sem ligar para opinião de ninguém.

Vida Longa ao Heavy Metal.

* Marcelo Guido é Jornalista, Pai da Lanna Guido e do Bento Guido e Maridão da Bia.

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