Discos que Formaram meu Caráter (Parte 45) – “The Stooges”… The Stooges (1969) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Muito bem moçadinha esperta, atuante e atenuante estamos de volta com nossa programação normal, a nave e a cabeça deram pane mas já estão recuperadas e prontas para o serviço. As ondas sonoras continuam muito loucas e o tédio escarlate já pode começar a ruir por que vem ai mais uma porrada sonora, com muito orgulho que trago para vocês:

“ The Stooges” primeiro álbum dos caras do The Stooges, todos de pé e máximo respeito.

Corria o ano de 1969, e o mundo fervilhava em explosões joviais, na França a molecada já havia bagunçado o coreto nas ruas um ano antes, e essa rebeldia que se espalhou pelo mundo, começava a dar muitos frutos positivos. O verão do amor em 1967, conhecido como o “verão hippie” com suas discussões sobre a vida e o por que devemos nos rebelar contra o sistema um verdadeiro caos positivo instaurado.

Dentro desse contexto as bandas de rock começaram entrar em uma fase nova, e os medalhões conhecidos mundialmente como o Led Zeppelin, Pink Floyd , e os Beatles que ainda bem já tinham conhecido o Bob Dylan (O fânio mais incrível do mundo) dentre outros já conheciam as coisas boas que o sucesso podia proporciona, era uma experimentação danada, um progressismo com viradas de bateria e solos intermináveis, uma viajem muito louca que para mim e muitos acabava deixando o Rock muito Progressivo, ou seja chato pra caralho.

Assim na cidade de Ann Arbor no Michigan, caras como Iggy Pop começavam a formar suas bandas , mas tinha um diferencial as letras e as melodias eram para as massas, temáticas comuns e nada muito complicado para se tocar assim o bardo recrutou Dave Alexander para o baixo e os irmãos Ron e Scott Asheton estava formada a espinha dorsal da banda que meteoricamente explodiria em popularidade.

As apresentações eram extremamente insólitas, com Iggy sujo de pasta de amendoim, carne crua e se cortando adoidado a galera ia a loucura, parte se identificando com as letras e outra só xingando a banda mesmo. A adoração por ídolos passava longe daqueles caras.

A banda foi a guerra e em um show em Detroit acabaram sendo vistos por Danny Fields , que tinha ido ver o MC5 (Banda boa pra porra, falaremos dela) e gostou de toda aquela insanidade e simplicidade apresentada por Iggy e seus garotos.

Fechado contrato entre Junho e Julho de 69 os caras entram em estúdio para imortalizar o que já apresentavam no palco, produzidos nada mais nada menos por John Cale do Velvet Underground. Tudo em cima, tudo na paz mas só tinham 5 músicas. Rejeitados pela gravadora que dizia precisar de mais material, precisaram de uma noite para escrever mais 3. Que foda!

Deixando as enrolações de lado, vamos a o que interessa e dissecamos a bolacha:

O disco começa com “ 1969” , a crítica sobre o que não ter o que se fazer, dane se se é ouro ano, o tédio é o mesmo. “ I Wanna Be Your Dog”, a submissão para alguém que se gosta, você a quer mesmo com todos os defeitos. “We Will Fall”, a luta contra seus próprios impulsos. “No Full”, a famosa ressaca moral depois dos excessos, quem nunca ?. “Real Cool Time” a expectativa pelo o que está por vir. “Ann” bela homenagem a pessoa amada. “Not Rigth” ela está certa, muitos acreditam ser para heroína outros para uma garota. “Little Doll” , homenagem para uma group.

Visceral, cru , escroto, reto e direto nada mais nada menos que um disco foda, foda demais.

Nem chegue perto de uma medalha de foda se ousar não conhecê-lo. Os caras simplesmente mandaram a merda o que estava sendo feito e colocaram a verve própria, mesmo que meteoricamente apresentaram ao mundo o conceito clássico do faça você mesmo.

O Rock and Roll não é e nunca foi erudito, é música de protesto, da massa, esses caras foram os que chegaram e mostraram como se fazer.

O disco não vendeu porra nenhuma na época, o que levou os caras pra Los Angeles e o mundo pode conhecer melhor o Iggy Pop, que antes era Iggy Stooges.

Reverenciado na lista da revista Rolling Stone como um dos 200 discos mais importantes de todos os tempos, foi a apresentação de “1969” e “I Wanna Be Your Dog” que ainda hoje são referências.

Se na época o rock sujo, cru e barulhento dos Stooges foi mal compreendido, a banda no decorrer dos anos foi influencia maior de caras como Ramones, Sex Pistols , The Clash, Mudhoney dentre outros e pelos serviços prestados esse disco e indispensável na coleção de quem pretende gostar de rock.

“THE STOOGES” FOI O PONTA PÉ INICIAL DO QUE CHAMAMOS DE PUNK ROCK.

*Marcelo Guido é jornalista, pai da Lanna Guido e do Bento Guido e maridão da Bia.

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