Discos que formaram meu caráter – Que pais (Legião Urbana) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Salve terráqueos espertos, a nave dos bons discos aporta mais uma vez para vocês. Com anos luz de atraso, no qual seu piloto encontrava se em um esquema NAU A DERIVA, mas resgatado das profundezas insanas, vem de muito longe para falar de:

Legião Urbana Que pais e esse (de 1987. Rufem os tambores).

Corria o ano de 1987 , a coisa não andava boa para as bandas daqui. Inflação galopante, Tancredo dançou antes de chegar e o Sarney com seus planos furados caindo no desgosto da população.

Na trupe musical da nossa capital federal, o soneto não estava saindo como o esperado e o compasso estava prestes a desandar. Renato Russo, afogava se em litros de álcool e em seus problemas particulares. Renato Rocha, o Negretti, não conseguia se colocar dentro da banda como membro permanente. A relação entre os caras e a gravadora andava bastante estremecida por conta da negativa do projeto Mitologia e intuição (disco duplo, que foi abortado).

Em um cenário em suma bastante escroto e sob contrato, como fazer algo pelo menos semelhante a os seminais discos anteriores??

A solução só poderia vir da Cabeça pensante e extraordinária de Russo, o cara recorreu a seus arquivos e mostrou ao mundo e para historia canções esquecidas ou deixadas de lado, sobras eu disse SOBRAS , do que seria o projeto duplo.

São sete canções da época de Aborto Elétrico e da fase Trovador Solitário, e duas compostas para este disco ( Angra dos Reis e Mais do Mesmo). Um puta disco foda.

Dissecando a Bolacha:

O projetil musical começa com a faixa titulo Que Pais e Esse, uma ode soberba e vulcana sobre a ordem politica nacional, não foi gravada antes pela esperança de mudanças . Vai para Conexão Amazônica, nos alerta sobre nossos desejos, gostos e afins , melhor ensina que alimento pra cabeça não mata fome. Chegamos Tedio (com T bem brande pra você( , uma homenagem a vida tediosa para juventude de Brasília. Depois do Começo, da fase trovador solitário, um ska , bastante bem trabalhado. Química, esta já tinha sido apresentada pelos Paralamas do Sucesso ( Padrinhos dos caras(, a pressão inerente exercida sobre jovens cabeças pensantes. Eu sei, balada soft, com letra forte um relato quase pessoal , encaixa com perfeição quase profana em alguma fase da vida de muitos de nos. Chegamos em Faroeste Caboclo, a saga de Joao de Santo Cristo, com seus quase 10 minutos , colocou os caras na tela da Globo, ocupando espaço jamais sonhado por alguma banda de rock nacional na programação da Vênus, virou filme. Angra dos Reis, a melancolia operante , aquele gosto de domingo a tarde. Finaliza com Mais do Mesmo, um rock pesado , que não deixa a dever nada para o bom punk.

Resultado, sem o mesmo capricho de Dois , acabou sendo um disco singular, que foi o terceiro mais vendido da banda e laureado com disco de diamante.

Um disco que começa com que pais é esse ??, e termina com invés de luz tem tiroteio no fim do túnel tem que levar a Medalha de ouro da coluna.

Tem que ser celebrado, como grande que é, em suas orações agradeça a Titio Russo por ter compartilhado essas belas canções com vocês.

Esse foi o ultimo registro de Renato Rocha com os caras.

Marcelo Guido e punk, jornalista, professor, pai da Lanna e do Bento e marido da Bia. Ainda se pergunta: que pais é esse?

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