DOS PÉS À CABEÇA

Esporte e arte. Literatura e cultura física. Ardente fusão de corpo e mente. Alma e suor. Uma das forças primordiais da Grécia exemplar era a capacidade de reunir, sob o manto olímpico, as porfias do músculo e do espírito. Não são poucos os escritores e poetas do nosso tempo que buscavam o estado de graça, precedendo a criação artística do esforço físico.
Montaigne costumava atiçar a brasa de suas reflexões em longas caminhadas pelo bosque do castelo da família, na França. Não encontrou nem a verdade nem a justiça entre os homens, mas certamente andou perto da perfeição literária com seus admiráveis “Ensaios”.
O próprio Montaigne confessava sua predileção pelas caminhadas matinais.
– Meus pensamentos simplesmente adormecem quando estou sentado. Meu espírito só desperta, mesmo, quando minhas pernas se agitam.
Outro francês não menos célebre, Rousseau, nunca abriu mão de um passeio a pé, breve que fosse, de manhãzinha.
– Não consigo criar nada se me sento à mesa para escrever. É nos passeios de cada dia, batendo pernas, que meu cérebro começa a conceber minhas melhores ideias.
Goethe, por sua vez, chega a ser radical:
– Tudo o que me acontece de bom, como inspiração, como expressão, me vem quando estou caminhando.
Por fim, um conselho de Nietzche: “Fique sentado o menos que puder. Não confie nas idéias que lhe ocorrem quando estiver quieto. As boas idéias virão sempre ao ar livre, em plena festa dos músculos. A vida sedentária é o verdadeiro pecado contra o espírito.”
Armando Nogueira

* Tenho que me inspirar nesse texto…

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