Embrapa inicia nova fase de capacitação on line para jovens agroextrativistas do Marajó

A Embrapa Amapá iniciou na última quarta-feira, 26/08, uma nova série de quatro módulos do Programa de Formação em Políticas Públicas e Inclusão Digital, voltado para jovens agroextrativistas do município de Afuá (PA), região do Marajó. Realizado por meio do Projeto Bem Diverso, e parceria da Emater-Pará, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Afuá (STTR) e de associações dos assentamentos agroextrativistas, a formação é composta de módulos com temas abordando agricultura familiar, saúde, educação e inclusão digital.

O webinar do módulo “Agricultura Familiar” reuniu inicialmente 12 participantes na plataforma virtual Jitsi Meet. Ao longo do dia, os conteúdos em textos, imagens, áudios e vídeos foram compartilhados em ferramentas digitais para acesso individual, acompanhados de momentos de tutorias. “Devido às dificuldades estruturais de conexão de internet na Amazônia, a Embrapa está inovando testando junto ao seu público alvo, jovens produtores agroextrativistas, novas formas de treinamento para a transferência de conhecimentos e tecnologias”, destacou a pesquisadora Engenheira Florestal Ana Euler. Ela atuou como moderadora do webinar, junto com o consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Engenheiro Florestal Carlos Augusto Ramos, Mestre em Manejo Florestal Comunitário.

Em 2018 o Projeto Bem Diverso lançou o programa de formação de jovens agroextrativistas com foco no empreendedorismo da cadeia de valor do açaí e no monitoramento das políticas públicas relacionadas à agricultura familiar. Foram realizados até o momento quatro módulos de formação, e estão previstos mais quatro até o final deste ano. “Neste momento de pandemia Covid-19, iniciamos uma nova etapa do processo de formação com foco na inclusão digital como veículo para acesso às políticas públicas, projetos e redes que promovam respostas locais aos desafios que estão postos”, destacou Ana Euler.

Um dos participantes é Wemerson Moraes Miranda, 24, da comunidade São Raimundo (Rio Serraria Grande). Ciente da realidade diferenciada, advinda com a pandemia do novo coronavírus, ele considera a internet “uma ferramenta de grande valor profissional, como também econômico” e ressalta a necessidade de investimento em inclusão digital voltada para seu potencial de uso em atividades de apoio ao desenvolvimento econômico e a cursos profissionalizantes.

Para essa nova etapa, realizada 100% online, são apresentadas novas ferramentas de navegação e participação em eventos, novos canais de acesso e divulgação de conteúdo, indicadores para avaliação dos impactos da pandemia nas comunidades, desde as práticas do agroextrativismo, passando pelo acesso a serviços de educação e assistência em saúde. “Além disso, junto com o STTR-Afuá, será realizada uma ampla consulta online às famílias sindicalizadas para entender as limitações de acesso à internet e como potencializar esse veículo como instrumento de inclusão socioprodutiva”, acrescentou a pesquisadora.

A presidente do STTR-Afuá, Marlubia da Silva Santos, 30, também participa da capacitação. “Em meio a tudo isso que estamos vivendo, a internet passou a ser nosso principal meio de comunicação e entretenimento. Mais do que nunca, é de suma importância para nós, ribeirinhos, apesar de grande parte das comunidades ainda não terem acesso a internet em suas casas. Com certeza será um grande instrumento para o desenvolvimento de ações em prol das nossas comunidades”.

Soluções locais para os impactos da pandemia

Como resultados desta capacitação, os jovens multiplicadores ampliam o conhecimento sobre políticas públicas e indicadores para o monitoramento da produção agroextrativista em Afuá, incluindo orçamento público destinado ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), PNAE e PGPMBIO, Pronaf; sobre o percentual de reforma agrária no município; e sobre a importância da cadeia de valor do açaí na economia das comunidades. Também vão elaborar propostas de soluções com relação ao monitoramento dos impactos da pandemia Covid-19.

A programação constou de temas da realidade dos jovens participantes, por exemplo, como tem sido esse período de pandemia para eles e seus familiares, qual a expectativa para a safra do açaí esse ano em termos de preço e volume de comercialização. Durante a capacitação também foi apresentado o estudo IV Baliza do Extrativismo do Açaí no Afuá, disponível para dowload neste link: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/213100/1/CPAF-AP-2020-Quarta-baliza-agroextrativismo.pdf. Neste artigo, são descritos os ciclos do desenvolvimento rural dos assentamentos agroextrativistas do município de Afuá de 1980 a 2019, dividindo-os em três balizas.

As respostas às questões de quais os ganhos socioeconômico das famílias ao longo das quatro décadas, e qual a importância dos produtos florestais na vida dos trabalhadores e trabalhadoras agroextrativistas, têm como base estudo diagnóstico realizado pela Embrapa Amapá e PNUD, em parceria com as associações locais, no Projeto de Assentamento Agroextrativista Ilha do Meio, localizado no município de Afuá-PA. O uso do termo “Baliza” para analisar os ciclos do extrativismo em Afuá, é explicado no Artigo. Esta palavra tem como significados “marco, poste ou outro sinal que indica um limite”, e na Engenharia Florestal é utilizada para demarcação de áreas e alinhamento do traçado das trilhas. Para o planejamento de estradas e verificação do caminho planejado. A direção da quarta baliza, apontada no Artigo, como futuro desejado, dependerá do equilíbrio entre tradição e cultura comunitária e fatores externos como mercado e cenário político.

O Projeto Bem Diverso é executado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Atende seis Territórios da Cidadania em vários estados. No Estuário Amazônico (Amapá e Pará) o projeto é desenvolvido no Território da Cidadania do Marajó, com foco nas espécies açaí e andiroba. Os coordenadores locais são Ana Euler (Embrapa Amapá) e Raimundo Nonato Teixeira (Embrapa Amazônia Oriental).

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Dulcivânia Freitas, Jornalista DRT/PB 1063-96
Núcleo de Comunicação Organizacional
Embrapa Amapá
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Macapá/AP

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