Embrapa realiza curso de GPS para produtores do Bailique

Os participantes receberam certificados_foto Marlon Mendes

O treinamento prático do uso do GPS, sigla de “Global Positioning System” (Sistema de Posicionamento Global, em português), ofertado a um grupo de extrativistas do arquipélago do Bailique, representou mais do que inclusão tecnológica. Realizado pela Embrapa Amapá, como parte do compromisso com o Projeto do Protocolo Comunitário do Bailique, o curso significa um grande passo no mapeamento preciso e inédito da diversidade de espécies florestais oleaginosas concentradas na região. O arquipélago está localizado na foz do rio Amazonas, município de Macapá (AP), é formado por oito ilhas onde residem cerca de dez mil pessoas distribuídas em 51 comunidades.

Produtores e estudantes participaram do cursoO GPS é um sistema de navegação (via satélite) operado por meio de um aparelho semelhante a um celular. A grande vantagem é que permite capturar informações sobre a posição de algo, um rio, uma árvore, por exemplo, em qualquer horário e em qualquer condição climática. No último mês de janeiro, cerca de 20 produtores e estudantes reunidos na comunidade Igarapé do Carneiro participaram do treinamento monitorado pela analista ambiental da Embrapa, Ana Salim, que atua na área de georreferenciamento.

A capacitação foi viabilizada por meio da Embrapa e do projeto “Amapá Sustentável”, liderado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) e Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) com apoio do Fundo Vale. No total, foram três dias de dedicação entre o conteúdo teórico e parte prática, no próprio ambiente da floresta, que contou também com as instruções das pesquisadoras Ana Euler e Ana Cláudia Lira.

ucuumba é uma das especies maepadas

As espécies prioritárias para mapeamento foram as andirobeiras, além do pracaxi e de uma espécie relativamente desconhecida no meio urbano, chamada pelos moradores do Bailique de comadre-de-azeite, sendo regularmente usada como óleo na medicina tradicional. Ana Euler cita também o buriti e a ucuuba (mais conhecida como virola), esta última inclusive há algumas décadas era mais explorada para óleo, posteriormente para madeira e atualmente uma empresa de grande porte de cosméticos lançou produtos à base de ucuuba.

Anotacoes em planilhas fez parte do curso_fotos Ana Claudia Lira

Extração de óleo. Outro curso previsto no Projeto Protocolo Comunitário do Bailique será realizado no período de 17 a 19 de março deste ano, voltado para boas práticas de extração de semente e processamento de óleo de andiroba. A equipe da Embrapa retornará ao Bailique para ministrar o treinamento com os extrativistas, conduzindo a programação junto com técnicos da empresa Natura e uma equipe do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (IEPA). A capacitação inclui os métodos tradicional (manual) e o uso de equipamentos na secagem das sementes e extração do óleo. A empresa Natura, parceira do Protocolo Comunitário, apresentará o padrão de extração exigido pela indústria em relação aos óleos vegetais da Amazônia, informações sobre a qualidade do óleo que uma empresa espera comprar para produzir cosméticos em grande escala. A pesquisadora Ana Cláudia Lira, que atua em pesquisas participativas junto a comunidades extratoras de óleo de andiroba, destaca que além do uso medicinal pelas comunidades, nos últimos anos o produto tem atraído a atenção de indústrias de médio e grande porte dos ramos de cosméticos e fármacos.


Dulcivânia Freitas, Jornalista DRT/PB 1063-96
Embrapa Amapá
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Macapá/AP

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