Escritos de Insônia – Textos avulsos de Ronaldo Rodrigues

Textos avulsos de Ronaldo Rodrigues

Chamo de Escritos de Insônia estas pílulas ou gotas ou lascas de algo escrito. Podem ser flagrantes da vida, da minha e das muitas que respiram e se movimentam ao meu lado, no meu tempo. Certamente são pretextos, pequenos textos que escrevo enquanto os textos maiores ficam cá dentro pulsando, pulsando procurando saída. Enquanto aqueles textos não encontram vazão (ou razão), aqui vão estes escritos que, a bem da verdade, nem todos foram produzidos em momentos de insônia.

• Mostre ao mundo que você é capaz de vencê-lo, de domá-lo, até de amá-lo. Não, de amá-lo não. É mais difícil. Tente só os dois primeiros itens.

• Tanta gente a fim de me ajudar e eu aqui sem precisar de nada.

• No meio da madrugada, eu abro os olhos, levanto, vou ao banheiro, volto e, às vezes, até consigo retomar o sonho que estava tendo antes de acordar no meio da madrugada.

• O relógio tricotando o tempo despetala as horas.

• O cachorro sorri balançando o rabo.

• O gato se espreguiçando na varanda estendeu o sábado.

• Muita gente que ama cachorro corta a orelha do bicho, corta o rabo do bicho, castra o bicho. Deus me livre de ser amado assim…

• Tenho certeza de que a maioria das pessoas está no mundo com uma missão específica e única: me atrapalhar. Essas pessoas atravessam o meu caminho e me fazem retardar meus passos ou mesmo desistir do caminho. Depois que cumprem sua missão, essas pessoas vão até a pessoa que as contratou receber seus gordos cachês e pronto! Acabou o seu trabalho! Agora elas vão poder curtir a vida e gastar o dinheiro que receberam atrapalhando a minha vida.

• Ah, os velhos conhecidos… Estão ficando cada vez mais velhos. E menos conhecidos.

• O homem de 100 anos só tem uma reclamação: ninguém respeita o fato de ele ser órfão de pai e mãe.

• Não. O tempo não está passando mais devagar. É a rotina, o tédio impondo a sua vontade.

• Quem me vê assim calmo, plácido, tranquilo, de boa, sossegado, sereno nem percebe o quanto sou capaz dos maiores atos de paciência.

• Não sei quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Na dúvida, como os dois.

• Geralmente quem não tem nada a dizer é quem mais fala.

• Eu cheguei ao âmago da questão e, creiam, não é nada agradável.

• Decifra-me ou te deleto. Disse o computador, já puto da vida com a minha ignorância digital.

• Sou um cara gente boa, sangue bom. Os carapanãs lá de casa que o digam.

• A morte deve ser engraçada. Nunca vi uma caveira que não estivesse sorrindo.

• Sou um refém das madrugadas. Só largo minha insônia para ter um pouco de pesadelo.

• Temos à nossa disposição o maior iceberg do mundo para levar nosso Titanic em sua direção.

• Só acredito no que não pode/não precisa ser comprovado.

• Vivo em um relacionamento sério com minha total falta de responsabilidade.

• Eu desempenho o papel principal da minha vida. Só não sei se minha vida dá um bom filme.

• Será que quando terminar o filme da nossa vida subirão os créditos?

• Sempre que olho pro espelho sinto que o cara que me olha do outro lado sou eu mesmo, só que mais estranho.

• Talvez eu seja um sol se pondo ou uma estrela cadente diante dos meus sonhos de primeira grandeza.

• A lei da gravidade vive puxando meu nariz pra baixo.

• Coitado. Ele é um artista totalmente compreendido, daí não causar qualquer interesse.

• Eu aqui no meu quarto minguante querendo dormir e a lua nova dando uma festa no seu quarto crescente.

• O novo membro da equipe chegou com a maior vontade de colaborar: – Eu vim pra somar! Deram logo uma calculadora pra ele…

• No Carnaval, todos se vestem do que realmente são e se fantasiam durante o resto do ano.

• Às vezes desconfio que a caneta é que me usa para escrever.

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