Especialista alerta para o risco de consumir água contaminada e ensina como fazer tratamento caseiro

O racionamento no fornecimento de energia elétrica no Amapá, deve seguir pelo menos até o dia 26 de novembro, foi o que informou, na última sexta-feira (13), a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). Há 13 dias amapaenses vivem apagão decorrente de incêndio que atingiu a subestação de energia mais importante do estado. Além de deixar 13 municípios com falhas no fornecimento de eletricidade, o problema também afetou comunidades que não têm acesso a água própria para o consumo. A falta de água potável provoca irritações gastrointestinais, vômito, diarreia e pode contribuir para aparição de centenas de doenças.

O cenário no Amapá já foi bem diferente, o estado já apresentou a maior média do país de consumo de água tratada por dia, de acordo com Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2017 as residências consumiram, em média, 765 litros de água tratada por dia no Amapá, quase o dobro da média nacional – que foi de 420 litros. O líquido era tão abundante e utilizado de forma irregular que a capital do estado foi apontada como a cidade brasileira que mais desperdiça água tratada, chegando a 73,91% de perda do produto que é tratado e distribuído, foi o que apontou estudo do Instituto Trata Brasil.

RISCO

“A água vinda diretamente de poço, lagos ou rios não pode ser consumida sem tratamento adequado. É lamentável a situação que nosso estado vive, mas temos que considerar os riscos que à população corre de se contaminar com organismos causadores de doença pela ingestão ou pelo contato físico com água imprópria”, alerta Luiza Nunes, enfermeira (COREN-AP 416477) e coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade de Macapá (Fama).

Centenas de doenças podem ser transmitidas pelo consumo de água contaminada, entre elas estão: cólera, febre tifóide, salmonelose, hepatite A, poliomielite, amebíase, giardíase, toxoplasmose, ascaridíase e cisticercose. Algumas enfermidades são mais frequentemente transmitidas pelo contato da pele com o líquido contaminado, como é o caso da leptospirose, cuja bactéria causadora pode invadir o corpo humano pelos poros e também pode se dar pelas mucosas dos olhos, do nariz e da boca, o que inclui o risco de transmissão pelo uso da água contaminada para beber ou banhar.

A transmissão de esquistossomose também está relacionada com a falta de saneamento básico, pois os ovos embrionados saem com as fezes humanas e contaminam ambientes de água doce, onde liberam a larva que invade a pele humana. O apagão no Amapá dificulta o acesso à água potável e provoca o aumento nos problemas de saúde da população local. “Ao apresentar três ou mais episódios de diarreia e vômito, em um intervalo de 24h, procure atendimento médico imediatamente”, explica a enfermeira.

TRATAMENTO

É possível realizar em casa o tratamento da água para torná-la apta para o consumo. Podem ser usados produtos de fácil acesso, como a água sanitária, mas também a própria luz solar e até a fervura da água. A enfermeira, Luiza Nunes indica alternativas para melhorar a qualidade da água e diminuir as chances de contrair alguma doença, confira:

Filtro de água: Pode ser usado quando a água está suja, mas não existe suspeita de que esteja contaminada com bactérias nocivas. O filtro de barro é o melhor sistema de purificação de água do mundo, segundo pesquisas. Sua filtragem, feita de velas de cerâmica, é capaz de remover impurezas com eficiência, além de conter a presença de cloro, pesticidas, ferro, alumínio, chumbo e até mesmo um parasita causador da criptosporidiose.

Água sanitária: É preciso adicionar duas gotas de água sanitária para cada litro e deixar agir por 15 a 30 minutos antes de beber. Armazene a água tratada em garrafas térmicas ou potes de barro com tampa.

Fervura: Antes é recomendado coar a água em um pano limpo para garantir que os micro-organismos foram eliminados e, depois, ferver por, pelo menos, 5 minutos. O sabor da água fervida pode ficar desagradável e, para fazer este gosto desaparecer, ponha uma rodela de limão enquanto ela esfria ou areje a água, trocando-a várias vezes de recipiente.

Exposição solar: Coloque a água em uma garrafa PET, previamente higienizada com água e sabão, ou recipiente de plástico limpo, e deixe por 6 horas debaixo de sol. Este método é mais indicado quando a água não está visivelmente suja.

Railson Lima
Assessor de Imprensa
Faculdade de Macapá (Fama)

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