Estádio Glicério Marques completa 69 anos (minha crônica sobre o “Gigante da Favela”)

Foto surrupiada do blog da jornalista Alcinéa Cavalcante

O Estádio Municipal Glicério de Souza Marques completa hoje 69 anos de fundação. O local foi idealizado pelo governador Janary Gentil Nunes e fundado em 15 de janeiro de 1950. A arena teve momentos de glória e ainda hoje é palco de jogos do Campeonato Amapaense, Copão da Amazônia e amistosos. Ali foram disputados grandes clássicos com a participação de craques amapaenses.

O estádio possui as alcunhas de “Gigante da Favela” e “Glicerão”, como o estádio foi apelidado pela crônica esportiva. Lembro-me da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim).

Entre tantas memórias afetivas estão as idas ao Glicerão. Meu pai, o saudoso Zé Penha, também jogou no estádio quando foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, no time do coração, o “Clube da Torre”. Eu e o mano dávamos muito trabalho ao pai, sem falar o pede-pede. Era pirulito de tábua (aqueles marrons em forma de cone que são puro açúcar), picolé, pipoca, refri e churrasquinho. Era tão porreta!

Como já disse, quando garotos, meu pai e tio Pedro Aurélio, seu irmão, jogaram no Glicerão. Assim como muitos jovens da geração dele. A qualidade do futebol era tão boa que a galera que não tinha grana até pulava o muro para assistir as partidas. Sem falar que o Glicério já foi palco de vários shows locais e nacionais. Afinal, o velho estádio está no coração de Macapá.

Aliás, lembro daquele muro desde que me entendo por gente, pois a casa da minha amada avó fica lado do Glicério, na Rua Leopoldo Machado.

É uma pena que o velho estádio não esteja em melhores condições e depois de 69 anos, as arquibancadas ainda sejam de madeira e o campo ruim. Um local que revelou jogadores como Bira, Aldo, Baraquinha, Marcelino, Jardel, Roxo (o primeiro amapaense que fez gol), Zezinho Macapá, Jasso, Miranda, entre tantos outros nomes importantes do futebol regional.

Naquele tempo rolava a charanga do Antônio Rosa, o Paulo Silva e o Humberto Moreira (lembro bem dos dois, pois sempre falavam com meu velho) faziam a cobertura dos jogos. O José Carlos Araújo exagerava na narração das partidas via rádio (a gente ia pro estádio com radinho na mão) e o Vicente Cruz (a quem meu pai chamava de “He-Man” do Pacoval) sempre filava uma cerva do meu coroa. Bons tempos!

O futebol amapaense encolheu depois do “profissionalismo”, a política entrou em campo e deu no que deu: tanto o Glicerão quanto seu irmão mais novo, o Zerão, vivem vazios. Muitos clubes desaparecem do cenário e emergentes como um tal de Santos tomam conta das competições.

Para mim, há tempos o futebol amapaense perdeu o encanto, o brilho, a mágica. Nem no rádio escuto as partidas. Bom mesmo era na época em que o Zé Penha nos levava para assistir aos jogos no antigo Estádio Glicério, eu e Merson (meu irmão) assistíamos as partidas, brincávamos e nos divertíamos a valer. Quando lembro de tudo isso, a alegria entra naquele campo, escalada pela nostalgia.

Elton Tavares

  • OLÁ, TUDO BEM?
    SOU ALUNA DE ARQUITETURA E GOSTARIA DE CONVERSAR SOBRE O ESTÁDIO, SE PUDER ME MANDAR EMAIL

  • Muito bom…recordar o tempo de ouro do futebol Amapaense…o surgimento de inúmeros craques…
    E a disputa acirrada pelos primeiros lugares no Campeonato…a exportação de jogadores para outros centros mais qualificados, e destaque dos nossos jogadores no cenário Nacional…
    O Glicério concorreu para isso… porque também permitia o intercâmbio com times reconhecidos Nacionalmente com times do eixo Rio São Paulo…
    Um gigante!

  • Quantas saudades, o Glicerão já foi palco de muitas disputas no âmbito do futebol, quem não lembra do Copão da Amazónia, times amapaenses eram imbatíveis dentro do gigantão da favela. Porém hoje em dia, infelizmente o futebol amapaense se perdeu no tempo, não temos mais times competitivos. Milhões já foram emviado por emendas parlamentar, poderíamos ter um Estádio de qualidade, como por exemplo igual a vila belmiro. Hoje eu tenho 51 anos, e vendi chop no gigantão da favela, assisti varias partidas do Copão da AMAZONIA, times amapanse se consagrando campeão. Não concordo com esse complexo esportivo, tirou a essência do Glicerio Marques como Estádio, poderiam ter um olhar mais carinhoso para se ter um Estádio que pudesse representar o cenário desportivo amapanse.

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