“Eu quero uma casa no campo” – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

O belo tributo escrito Por Heitor Pitombo sobre José Rodrigues Trindade, o Zé Rodrix, traz à tona preciosas informações sobre esse grande músico, compositor e escritor consagrado no Brasil. Como admirador não posso deixar de compartilhar essas interessantes facetas do artista, que também foi um dos mais importantes escritores recentes da Maçonaria Universal. Zé Rodrix nasceu em 25 de novembro de 1947, no Rio de Janeiro. Desde os seis anos enveredou pelos caminhos da música, depois pelos da publicidade e da literatura. Estudou no Conservatório Brasileiro de Música, tendo saído de lá tocando piano, violão, acordeão, flauta, bateria e trompete. Teve o reconhecimento do público quando acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha na música “Ponteio”, no III Festival da Record, em 1967, como integrante do sexteto vocal “Momento 4uatro”.

Mais tarde foi para o Rio grande do Sul, onde formou o GRAL – Grupo Revolucionário de Arte Livre, que gerou a banda psicodélica “Primeira Manifestação da Peste”. Em 1970 entrou na banda “Som Imaginário”, com Wagner Tiso, Robertinho Silva, Tavito, Luís Alves e Laudir de Oliveira, que gravou com Gal Costa e Milton Nascimento e depois seguiu na estrada do Jazz e do rock progressivo. Nesse período passou a se assinar Zé Rodrix, inspirado no guitarrista Jimi Hendrix.

No ano seguinte participou do festival da canção de Juiz de Fora com a música “Casa no Campo”, em parceria com Tavito, que alcançaria grande sucesso na voz de Elis Regina. Nessa letra há um verso – “Eu quero a esperança de óculos” -, justificado por ele desta forma: “Me soou interessante uma esperança tão míope quanto eu, porque é exatamente assim que as esperanças devem ser”.

Depois de ganhar o festival, Rodrix se une a Luiz Carlos Sá e Gutemberg Guarabira, formando o trio “Sá, Rodrix & Guarabira”, que estabelece a nova onda musical do “rock rural”, já antecipado por ele no verso de música acima referida: “eu quero uma casa de campo/ onde eu possa compor muitos rocks rurais”. Chegaram a gravar dois discos: “Passado, Presente & Futuro” (1971) e “Terra” (1973). Nesta fase de 73 compôs os sucessos ‘Quando Será’, “Xamego da Nega” e “Soy Latinoamericano”. Inicia seus trabalhos publicitários criando jingles para campanhas da Pepsi, Chevrolet, Marisa, Finivest que ficaram também famosos.

A trajetória do artista é marcada pelo ecletismo de sua criação. Participou do grupo “Joelho de Porco”, foi diretor musical de espetáculos de TV, fez trilhas sonoras para filmes e ainda causou muita polêmica ao revelar que era maçom, em 2000. Além de ser músico era Trekker (fã da série Jornada nas Estrelas), e ia, segundo Pitombo, de uniforme nas convenções.

Foi casado com a atriz e terapeuta holística Norma Blum e com a ex-vocalista de “As Frenéticas”, Edyr de Castro. Ao morrer, em 21 de maio de 2009, estava casado com a escritora e produtora Julia Rodrix.

Zé Rodrix se dedicava à criação e à família, cozinhando diariamente, fazendo produção de suas filhas Bárbara Rodrix e Marya Bravo. Era tradutor e multimídia.

Na literatura lançou a “Trilogia do Templo” sobre a Maçonaria, que tem os títulos “Diário de um construtor do Templo”, “Zorobabel: reconstruindo o Templo” e ”Esquin de Floyac: o fim do Templo” (Ed. Record: 1999, 2005 e 2007). Tive o prazer de conhecê-lo em São Paulo, apresentado por Carlos Lobato.

Na sua última entrevista (concedida a Heitor Pitombo) ele fala sobre seu trabalho, mais especificamente sobre a sua literatura, informando que “ao ser iniciado na Ordem percebeu que a história do Templo era o centro e o foco das lendas, alegorias e simbologias com que a Maçonaria é praticada, e podia nos ensinar coisas fascinantes sobre cada um de nós, possibilitando nosso crescimento e mudança para melhor em todos os sentidos”.

 

  • Infatico comentário de um escritor Dr. e músico, e que entende de letras e canções. Grande gênio amapaense, caneta de ouro nas suas construtivas críticas.

  • Maravilha!!!

    Desconhecia o fato de que Zé Rodrix era MAÇON.

    Conheci o artista através das músicas do trio Sá, Rodrix & Guarabira.

  • Quando falo de “saudade” muitos confundem com “saudosismo”. Saudade é aprender a desaprender para reaprender. Valeu Fernando.

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