Fiquei, em princípio, pensando qual linguagem usar: culta ou coloquial (sendo que coloquial já é culta). Resolvi escrever o que me inspirasse (ou que me viesse à cabeça, para quem é culto ou para quem gosta da linguagem coloquial).
Hoje o termo da moda é “tanto faz”, porque poucos notaram que no segundo parênteses utilizei a ordem de ideias ao contrário (mania de ser culto).
Tanto faz se você paga mais ou menos impostos.
Tanto faz se você foi ludibriado com a ideia de que tirando a “sapatão” o BRAZIL ia mudar.
Tanto faz se foi um golpe orquestrado por uma mídia que se vale da miséria diária de milhões.
A segunda expressão modinha é “tem que ser”, como se depois nada mais estaria errado.
Tanto faz quem tá levando o país pro lixo agora que o barbudo (ou sem dedo para os sádicos) tem que ser preso.
Tanto faz se quem tá no poder está respondendo processo por crime, sem a estrela vermelha (dos comunistas) o BRAZIL vai “pogredir”.
O que move você, e eu, é a vontade de mudar, e nisso o Brasil do Lula mudou, apesar de você não lembrar, pois o seu ódio lhe cegou.
Não sou PT (ralha, para os haters), não apoio movimentos “populares” infestados de aproveitadores como são os MS’s da vida e a maioria das igrejas (de qualquer culto).
Sou um “NEO-CAPITAL-LIBERAL-SOCIALISTA”, para você que gosta de rotular.
O que isso significa?
Significa que você, e o resto do mundo, está certo em reclamar.
Reclamar contra os governos.
Reclamar contra os parlamentares.
Reclamar contra grande parcela dos servidores públicos (geralmente esquecendo que você é um).
Mas, sem reclamar dos grandes empresários, das grandes mídias que te iludem com novelas, realityes shows e afins.
Sem ter coragem de dizer que quer reclamar.
Você esqueceu o que é ditadura.
É só um mito do século passado, aliás, de qual século? Afinal você pouco sabe de história, matéria decorativa e fácil de passar, diferente de matemática que até hoje você, também, não sabe para que serve.
Você é filho da ignorância.
Não sua. Minha.
Pois eu não fui capaz de lhe mostrar que os poetas relataram e cantaram que há “sujeira pra todo lado” e “ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”.
Foi difícil eu te ensinar que Chico, Caetano e Gil saíram daqui porque iam morrer, afinal, você não sabe uma música deles.
Você conhece Roberto, o rei, mas não consegui lhe mostrar que ele também teve medo de morrer e se rendeu a músicas românticas para poder viver em seu país, ainda assim, cantou “Debaixo dos Caracóis” para Caetano.
Sofri quando vi, não você, mas a maioria de vocês, indo pra rua seguir um pato e bater panelas, sendo que até hoje você não sabe sequer usá-las.
Hoje você diz que não tem político de estimação, pra se eximir da culpa inconsciente que lhe perturba.
Hoje você grita veementemente que o barbudo já foi e os outros não vão demorar a ser presos também, se iludindo sabendo que o golpe dado foi consumado e que você novamente foi a “classe média” de manobra.
Você detesta a elite que se encastela no poder e acha que dando meia dúzia de roupas velhas por ano vai garantir seu lugar no céu.
Você se acha diferente por ter filho em escola particular e fica horrorizado com a violência nas escolas públicas, sendo que você estudou em uma. Na sua vã ilusão seu filho vai ser melhor que o do vizinho, mas esquece que as melhores universidades são públicas.
Ainda assim, você acha um absurdo professor fazer greve, isso é “coisa de vagabundo”, esquecendo que você só está lendo esse texto por causa do grevista.
Eu queria poder te pegar e dar uma surra de cinto, pois você acha que isso é uma forma de correção válida.
Eu queria poder fazer tanta coisa, e escrever, para fazer você acreditar no que eu acredito.
Eu queria apenas que você escutasse e não odiasse.
E quando você escutasse, parasse e pensasse, e assim, libertar-se.
*Dr. Orlando Ribeiro Júnior é professor universitário, bacharel em Direito e titular da Secretaria Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (Sejud/TRE-AP).