Na Exposição Fronteira, Luciana Macedo apresenta fotografias realizadas em duas viagens para o município do Oiapoque/AP. Empunhando uma câmera digital, a fotógrafa registrou suas impressões – ora através de uma lente 18-55 mm, ora usando uma 24-70 mm.
Com um olhar que vai além do trivial e do corriqueiro, ela desvenda os véus que recobrem a cena. Busca conhecer a essência do lugar que parecia invisível à visão de um simples viajante – uma relação de cumplicidade com sua objetiva que parece não se conformar com o óbvio.
Neste percurso, Luciana interage com o desconhecido, constrói seu imaginário colorido e vai se familiarizando com ele. Colocando-se próxima daqueles lugares e dos seus habitantes, ela antecipa do que se furta à imagem – a emoção que supera a palavra -, o corpo imagético apresentado em Fronteiras dispensa legendas.
A Exposição traz uma realidade vinda do contato da fotógrafa com aquele ambiente estranho ao seu olhar – uma presença que se apresenta de todo modo na paisagem e no semblante dos seus fotografados. Uma energia entre a fotografia e as coisas vai se manifestando cada vez mais forte – um coincidir daqueles espaços com outros construídos pelo seu olhar sensível. O ofício de Luciana Macedo é uma espécie de missão, sacerdócio, ritual, sobre o qual se debruça ao se dispor fotografar.
A mostra traz imagens que reverberam a criação de um mundo na fronteira entre a existência real e aquilo que Luciana Macedo busca poeticamente naqueles lugares, onde “a fronteira não é o ponto onde algo termina, mas, como os gregos reconheceram, a fronteira é onde algo começa a se fazer presente”.
Neste momento não estamos mais diante de uma fotografia que quer o mundo, que quer representá-lo, mas a revelação de um mundo próprio de Luciana Macedo, a sua realidade – algo que motiva o sentir, o viver e o experimentar a partir do olhar de cada espectador.
A Fronteira de Luciana Macedo é um convite para irmos além do visível.
Joaquim Netto
Historiador e Crítico de Arte