Governo Federal e grupos tradicionais elaboram políticas de disseminação do marabaixo

Imagem mostra tradicional roda de marabaixo — Foto: Prefeitura de Macapá/Arquivo

Por John Pacheco

Reconhecido no fim de 2018 como patrimônio cultural imaterial do Brasil, as origens e peculiaridades do marabaixo estão sendo discutidas em Brasília por grupos e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo é elaborar estratégias para a promoção e disseminação de forma uniforme da manifestação típica das comunidades negras do Amapá.

O encontro reúne representantes dos grupos de marabaixo do estado e membros da Coordenação Geral de Promoção e Sustentabilidade do Departamento de Patrimônio Imaterial. A ação, chamada de salvaguarda, prevê identificar os aspectos que vão liderar as ações de difusão da cultura, seja em escolas, centros e programações alusivas.

O marabaixo é caracterizado pelos cantos e pela dança que narram a luta e a fé dos negros durante a urbanização da capital em paralelo com o avanço do cenário histórico-cultural.

Representantes do marabaixo reunidos com técnicos do instituto — Foto: Iphan/Divulgação

De acordo com o Iphan, os bens culturais e imateriais se caracterizam pelo saber popular através de crenças, ritos, práticas, além de manifestações musicais, plásticas e literárias.

As reuniões para elaboração da salvaguarda iniciaram na quarta (15) e seguem até a quinta-feira (16) na sede do Instituto. Seis representantes do Amapá participam do levante de informações, que foi divivido em quatro eixos:

Mobilização social e alcance da política
Gestão participativa no processo de salvaguarda
Difusão e valorização
Produção e reprodução cultural

Alunos de escola pública aprendem a tocar percussão no ritmo do marabaixo; iniciativa está incluída em política para a cultura — Foto: Rita Torrinha/G1

Para os grupos marabaixeiros, a proposta é difundir a cultura dentro do ensino escolar, além do fortalecimento dos membros fundadores e a expansão do ritmo e da formação nos 16 municípios do estado.

“Apesar de ser nosso, o marabaixo está muito centralizado em Macapá. Precisamos levar para todos os municípios através de um calendário cultural nas cidades, para depois trabalhar na formação de novos integrantes e formação de grupos”, argumentou Elísia Congó, líder do barracão Dica Congó.

O diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Queiroz, destacou que foram adotadas a curto, médio e longo prazos pelo menos dez linhas de ação, que incluem identificação de comunidades, documentação e publicação de memórias e bibliografias dos mestres do marabaixo e a criação do Museu do Marabaixo.

Grupos tradicionais atuam na elaboração de estratégias para divulgação — Foto: Márcia do Carmo/Divulgação

Cultura do marabaixo

A origem do nome remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima.

Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se fazia um marabaixo. Sua herança é deixada de pai para filho, e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros.

“Os ‘ladrões’ são as músicas do Marabaixo cantadas pelas cantadeiras e pelos cantadores. Algumas pessoas têm a responsabilidade de cantar o ladrão colocando os versos, esses são os puxadores, enquanto outros respondem entoando o refrão, que geralmente é o primeiro verso de cada composição”, detalha o Iphan.

Fonte: G1 Amapá

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