Ao pesquisar temas interessantes para a sessão “Datas Curiosas” deste site, descobri que hoje é Hoje é o Dia de São Cipriano. Quando moleque, escutei várias histórias sobre esse cara e seu livro de feitiços, contadas pela minha avó materna, Cacilda Vale. O nome verdadeiro dele foi Cornélio, nascido em Roma. Depois dos anos de suposta feitiçaria, teria se convertido ao cristianismo, se tornado bispo e posteriormente Papa.
O feiticeiro São Cipriano, dono de um suposto livro de capa preta, cheios de encantamentos que iam desde esconder um homem atrás de uma agulha, enriquecer e até matar um adversário, foi um homem que estudou ciências ocultas por boa parte de sua vida. O mago seria um homem muito respeitado pelos seus supostos poderes ocultos e místicos. Também era temido por supostamente ser amigo de Lúcifer, o diabo.
Filho de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Desde a infância, Cipriano foi induzido aos estudos da feitiçaria e das ciências ocultas como a alquimia, astrologia, adivinhação e as diversas modalidades de magia.
Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, dos quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.
Aos 35 anos de idade, após conhecer uma moça chamada Justina, converteu-se ao catolicismo. A lenda conta que o cara queimou seus manuscritos de feitiçaria e distribuiu seus bens entre os pobres. Ele ainda teria se tornado bispo de Cartago. São Cipriano foi morto devido a intensa perseguição contra os cristãos naquela época, no dia 14 de setembro de 258. Virou mártir e foi canonizado
A fantástica trajetória do Feiticeiro e Santo da Antioquia, representa o elo entre Deus e o Diabo, entre o puro e o pecaminoso, entre a soberba e a humildade. São Cipriano é mais que um personagem da Igreja Católica ou um livro de magia; é um símbolo da dualidade da fé humana.
O Livro
O famoso Livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão, mas o mistério que envolve a vida do Santo interfere também em seu livro. Uma parte dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo.
No Brasil, o Livro de São Cipriano é usado largamente nas religiões afro-brasileiras, e se tornou um “almanaque ocultista” de fácil acesso que se dilui na crendice popular. Há ainda os mitos que o cercam: muitos consideram ser pecado possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para os ocultistas, religiosos e aventureiros.
A figura de São Cipriano mago é lendária. Deve ter sido criada no século IV e na Ásia Menor para ilustrar um tema caro aos antigos: a do feiticeiro que vende a sua alma ao diabo, mas se converte a Cristo. A figura de Cipriano mago a lenda associou a da Justina, virgem a mártir, também para ilustrar um tema muito estimado pelos cristãos: a da virgem que supera as armadilhas do homem que a quer seduzir. O autor da lenda deu ao mago convertido o nome de Cipriano, que era a de famoso bispo de Cartago martirizado em 258.
O recurso a este nome obteve mais estima e crédito para a lenda, que na Idade Média foi corroborada pela introdução de S. Cipriano e S. Justina no calendário litúrgico (aos 26/09). O “Livro poderoso de S. Cipriano” tem seu núcleo já no século IV, quando se difundiam as “preces de Cipriano”, utilizadas quase como fórmulas mágicas.
Fontes: Paulinas, Calendarr e Spectrum