Jornalismo e Servilismo, eis a questão…

Todas as profissões estão voltadas a um tipo de serviço. O jornalista, entre outras coisas, é um profissional a serviço da palavra. Vivo de palavras, pois este é o meu ofício, mas as verdadeiras. Aliás, o sonho de consumo de todos nós. Nem sempre é assim.

Então. Às vezes é preciso pisar na beira e repor verdade, pois como disse Winston Churchill: “uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”. Pois então.

O profissional da comunicação precisa ter cuidado com essa ‘volta inteira’. Um exemplo: hoje, a promotora de Justiça do Ministério Público do Amapá (MP-AP), que atua na Promotoria do Meio Ambiente e na Secretaria-Geral do MP-AP, Ivana Cei, concedeu entrevista ao programa Luiz Melo Entrevista, na Diário FM.

A membro do MP-AP foi ao programa falar sobre sua possível agenda em Londres (ENG), onde pretende tratar sobre atuação na área ambiental e os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelas mineradoras ANGLO (sediada na capital inglesa) e ZAMIN, no Amapá. Até aí, tudo normal.

O problema é que no final de semana passado, um jornal, que utilizarei o nome fantasia (assim como as notícias que o vestem) de “A Casseta”, tentou macular esse objetivo e afirmou que a promotora iria até a cidade inglesa tratar de interesses particulares e que a viagem seria paga com o dinheiro público.

Acontece que tal inverdade foi muito difícil de engolir. Explico. É que se trata de uma mentira, um papo furado pra ludibriar, como de costume. Apesar de respeitar alguns colegas do tal jornal, essa prática é o velho “jornalismo ficção-servil-canalha-mal-intencionado”, para beneficiar a quem interessa falsear a verdade e manter um sistema de desinformação, a chave-mestra da corrupção.

Aliás, a prática de manobrar os desavisados com mentiras deslavadas, sem nenhum respeito aos fatos e sim uma reles construção de factoides, com direito a ataques difamadores é comum. Mas provar mesmo, aí é outro papo. Essa prática vergonhosa, infelizmente contraria os princípios jornalísticos. Fazer o que? Repor a verdade, claro.

Aliás, foi isso que Ivana Cei fez hoje durante a entrevista. Entre outros esclarecimentos sobre vários temas perguntados, a promotora de Justiça disse: Sou promotora de Justiça e cobro pela sociedade. Se houver danos, temos sim que atuar. Por isso essa agenda internacional. O Ministério Público Estadual tem a obrigação de exigir a reparação dos danos causados ao nosso povo por essas mineradoras”.

Sobre a maldosa matéria do referido periódico, doutora Ivana enfatizou: “todos podem investigar o Ministério Público. Poder de investigação não significa mais poder, significa mais trabalho. Defendo que todos os órgãos façam o mesmo”, frisou .

Fui assessor de comunicação em diversas esferas da Administração. Já realizei matérias sobre os prejuízos ambientais e financeiros causados pelas mineradoras gringas, acompanhei a situação real e tenho conhecimento de causa: Muitas pessoas foram lesadas. A sociedade foi lesada! Ou seja, o argumento do servilismo da Casseta é pequeno, mesquinho e irresponsável.

Ah, sim. Trabalho no MP-AP, sou diretor de comunicação do órgão, mas quem lê este site (que existe há nove anos) e mesmo quem conhece minha vida, sabe que sou um profissional sério, que este espaço de comunicação é ético e não só mais um a lotear e barganhar para ganhar o pão.

Aliás, a matéria também é espontânea. Não há servilismo. Só pura indignação. Essa foi uma daquelas pequenas e raras vezes em que a vida nos pede a coragem de falar a verdade, sempre junto da nossa amiga esperança.

A vida segue, a tarde cai e, enquanto isso, “…A esperança dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha, pode se machucar…”.

E fim de papo.

Elton Tavares Jornalista, assessor de comunicação e editor do site De Rocha.

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