Lama Fluida: Práticos apresentam proposta para incrementar a navegação no Arco Norte com segurança e tecnologia

As experiências de práticos nos rios da Amazônia e as propostas para tornar a navegação um mercado mais rentável e promissor a partir da viabilidade de passagem de navios de grande porte na costa do Amapá foram explanadas durante o “Seminário Sobre Aspectos Gerais da Navegação em Lama Fluida e sua Aplicabilidade no Arco Lamoso da Região da Barra Norte do Rio Amazonas”, que aconteceu nos dias 23 e 24 de julho. O prático Ricardo Falcão, vice-presidente da Internacional Maritime Pilot’s Association (IMPA), representou os práticos que atuam na Zona de Praticagem 1 (ZP-1) e proferiu palestra sobre o assunto, baseada na experiência coletiva de anos e em abordagens tecnológicas mais precisas.

O evento foi realizado pela Marinha do Brasil e reuniu práticos, estudiosos, autoridades políticas e marítimas no auditório do Sebrae/AP, trazendo para o debate os estudos, pesquisas, projetos e experiências que têm como meta reunir informações que indiquem reais possibilidades de tráfego seguro na Barra Norte, região abundante em lama fluida, distante cerca de 270 km de Macapá . Ações recentes da praticagem buscam otimizar o carregamento dos navios, aumentando sua capacidade de carga, e diminuindo o chamado “frete morto” para gerar maior lucro por viagem para o transportador, atrair navios de maior porte para navegarem na região, e gerar interesse na instalação de novos terminais de carga no norte do país.

“Os entraves causados pela pouca profundidade de água disponível no local dificultam a passagem de navios de carga. Entre as dificuldades, a dos navios serem obrigados a navegar com seus porões parcialmente vazios, levando menos carga do que poderiam, para que não afundem além da profundidade disponível na Barra Norte, significando o desperdício operacional, que é o frete morto”, disse o prático.

Ricardo Falcão palestrou o tema “Visão da Praticagem sobre a Navegação na Barra Norte”, e fez um apanhado da área de atuação de práticos na ZP1, a maior do planeta, que engloba os estados do Pará, Amapá e Amazonas. Foi explanado desde as dificuldades e peculiaridades da região amazônica, que tornam a navegação um desafio para profissionais e conhecedores, até as experiências vividas no cotidiano. A navegação na lama fluida ainda não é executada no Brasil, porém em países como Holanda e EUA é colocada em prática. Para os profissionais da praticagem, somente estudos consistentes e conclusivos possibilitam uma navegação sem riscos para o navio, carga e meio-ambiente.

Os profissionais da praticagem, Marinha e estudiosos defendem que a passagem pela Barra Norte de navios com calados maiores, portanto mais imersos e com mais carga, impulsionará o escoamento da produção brasileira do Arco Norte, favorecendo o estado do Amapá, Roraima, Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso, pelo aumento da exportação de grãos e minerais, ou aumento da importação de insumos e maquinário. “Cada centímetro que um navio afunda, significa que leva a mais cerca de cinco caminhões de carga, por isso vale a pena insistir por cada centímetro, sem abrir mão da segurança. Dessa forma, estudos sobre as marés, a hidrologia do rio, fases da lua, temperatura e densidade da água , sondagens e, até mesmo, navegar na lama, merecem a máxima atenção dos pesquisadores e práticos”, cita o diretor da Grupo Bacia Amazônica Práticos (BAP), Adônis dos Santos.

“O controle da velocidade é essencial na passagem do navio na Barra Norte, e interfere diretamente no movimento da lama, que por sua vez, pode dificultar, ou facilitar, a navegação. Observamos muito as marés e sua influência na lama fluida, através dos efeitos nos equipamentos. As experiências dos ribeirinhos, que conhecem muito sobre horários que não podem ser equivocados para não pegar maré baixa, por exemplo, e dos impactos das fases da lua sobre a maré e água salgada e doce, também vivemos, com a vantagem de termos equipamentos de ponta e sensores, o que aproxima a experiência da ciência, e nos gabarita a falar com respaldo sobre o assunto”, disse Ricardo Falcão.

Assessoria de comunicação

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