Lenda da Matinta Perêra inspira livro de contador de histórias do AP

Por Fabiana Figueiredo

A lenda da Matinta Perêra inspirou a produção do primeiro livro do contador de histórias Josias Monteiro, conhecido como Joca, de 36 anos. A obra do artista amapaense é o registro de uma das histórias contadas por ele, produzida em 2014, durante uma pesquisa em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá.

“É uma das principais histórias que eu conto, por isso começo com ela. É o início da pesquisa que fiz, para entender a memória de histórias do meu estado. Estudando histórias dos Palikus e Galibis, fui montando o enredo e construí essa narrativa. Fala sobre como surge essa lenda da Matinta Perêra, com minha poesia, conduzindo pela cultura indígena”, contou Joca Monteiro.

A obra, nomeada de “O Livro do Joca: As Filhas da Matinta”, conta a história dessa personagem do folclore brasileiro a partir da linguagem do contador de histórias. Inspirada em relatos de anciãos e principalmente indígenas de Oiapoque, Joca também faz relação com a própria história, vindo de uma família de mulheres misteriosas e contadoras de histórias.

Joca Monteiro iniciou produção da obra em Oiapoque, no Amapá (Foto: Gabriela Marques/Divulgação)

“Eu identifico minha tataravó, bisavó, avó e minha mãe como matintas perêras, pela forma como elas eram vistas na Amazônia e como tinham força. Dentro da minha poesia, as Matintas Perêras são mulheres que têm o poder de se transformar no animal que bem entenderem, além da maldição de nunca mais parar de fumar. A primeira Matinta foi a índia Matiá, no Oiapoque, que ganhou o poder e a maldição quando tentava salvar o amor da vida dela que era da tribo rival, e como acontece essa trama é descrito no livro”, falou Monteiro.

A história contada é resultado de uma pesquisa iniciada por Joca em municípios do Amapá. Ao todo, são 13 histórias já coletadas e produzidas e que, segundo o amapaense, também vão virar livro.

“Não terminei a pesquisa, mas senti a necessidade de começar a publicar os livros. Essa obra é uma forma de divulgar toda essa pesquisa e de ter um sustento para os outros projetos que tenho. A gente não tem uma política cultural para fomentar um projeto desse e, entendendo que o artista precisa ser autossustentável, é que vendendo o livro vai me ajudar”, disse Monteiro.

O livro, que também tem ilustrações do próprio Joca Monteiro, será lançado durante o 1º Festival Internacional de Narradores Candeia, no dia 16 de maio, em Belo Horizonte (BH). O lançamento também acontecerá em Belém e ainda não tem data para acontecer em Macapá. Ele será comercializado ao preço de R$ 25.

Fonte: G1 Amapá

Assista o vídeo sobre Joca, o contador de histórias: 

  • Obra que vem preencher uma lacuna em matéria sobre as cultura da oralidade das antigas cultura de boas Folclore Amazônico,especialmente relacionado a cultura local do Amapá. Sabemos que vivenciamos uma grande força das culturas do visual,do imediatismo e das superficialidades. A cultura da oralidade atual,tem hoje novos desafios com as novas ferramentas eletrônicas para resgatar o valor de ser um verdadeiro ouvinte das Histórias!

  • Sim,continuando com o assunto dessa obra sobre a cultura da oralidade do Folclore do Amapá,antes no ambiente nativo,imperava com clareza nesses ambiente,conceito sociais importante para a transmissão do poder da oralidade dos mais velhas,tais como: Autoconhecimento,autoridade,
    Respeito,sensibilidade de grupo,de pertença religiosa e comunhão com o ambiente natural. Hoje,tudo estar tão degradante,complexo e excludente a nossa oralidade,especialmente voltada para o indivíduo,numa situação que o ser humano perde a sua identidade natural.
    É preciso que todos nos repensamos os nossos conceitos de reflexão e de relações com o meio atual.

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