Minha amiga Júlia Canto casou e seu pai, o também querido Fernando Canto, escreveu esse textaço como votos de felicidade

Qualquer um de nós deseja felicidades aos nossos entes queridos de um jeito. Gosto de escrever para os meus, mas queria mesmo era redigir votos como o Fernando Canto, que escreveu esse texto lindão para a Júlia, sua filha e assim como ele, amiga minha. Leiam a lindeza (Elton Tavares):

Hoje é o casamento de minha filha Júlia Martins Canto com Jerry Max Hilder em Denver, Colorado- EUA. Parabéns, filha. Seja muito feliz.

Querida filha, você me pediu um poema para o seu casamento. Entendi que seu desejo talvez fosse um texto que falasse do amor, de um amor maduro, feito de areia, cimento e água, para ser modelado segundo a sua vontade. Um amor que misturou o tempo e a realidade, o sonho e o espaço nas andanças que você fez apreendendo geografias e paisagens nos seus olhos.

E certamente você andou. Você viu além das suas janelas de criança um Atlântico azul, visualizou os mistérios da Amazônia diante das águas do maior rio do mundo, sob o sol claro na linha do equador. Você sentiu na pele o vento gelado e o manto branco da neve do Colorado e de outros lugares do planeta que carregou na memória até hoje.

E agora, em frente a seu marido, fará uma promessa sob a beleza de um ritual de milênios, onde se consagra um sentimento para a continuação da humanidade.

Querida Júlia, o antes vem agora em reais aplicativos que não se compram na internet, pois é um estado de permanente mudança que idealizamos e aceitamos até mesmo quando não queremos. E nenhuma vontade expressa deve subjugar o sonho do outro no caminhar de duas pessoas que se amam.

Olhe, o amor tem ponto de partida e uma longa caminhada quando os olhos miram outro ponto no horizonte. O amor mais verdadeiro é um iate que precisa de hábil condução dentro das tempestades ou na calmaria dos mares, quando procuramos portos para abastecê-lo e consertá-lo para seguir as novas rotas que se impõem ao sabor das estações.

Talvez o mar seja o amor. E o barco a vela a lâmina cortante das ondas inevitáveis. Talvez o céu seja o amor e o avião um lírico objeto das nuvens irreais que mudam de figura quando o vento sopra em seu interior. Ah, mas este mar me parece um sonho desenhado sobre uma guitarra que toca um rock com o som de Jimmy Hendrix. O amor suporta tímpanos, ouvidos suportam o amor e as mãos sinceras aplaudem cada gesto, pois o amor é silêncio e barulho, é água e fogo, é ação humana na estação dos deuses.

Às vezes corta a pele e o coração, mas cura suas feridas e se tatua sobre as próprias cicatrizes.

Querida filha Júlia, seja muito feliz no seu casamento, com seu marido que um dia espero conhecê-lo. Te amo.

Fernando Canto
21 de fevereiro de 2019

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