Moedas e Curiosidades – “O Pataco Canhão” – Por @SMITHJUDOTEAM

Por José Ricardo Smith

Outro belo item da minha coleção são essas três moedas de 40 réis de Portugal, são feitas de bronze com 35 mm de diâmetro, 2 mm de espessura e 38 g de peso, e foram utilizados antigos canhões de guerra e sinos de igrejas que foram derretidos pela escassez de metal que havia na época.

D. João VI (1767-1826) o “Clemente”, nasceu em Lisboa, foi o segundo filho do Rei Pedro III, teve a educação negligenciada por não ser o primogênito. Casa-se com Carlota Joaquina, filha mais velha de Carlos IV da Espanha. Juntos tem nove filhos, entre eles Pedro de Alcântara, futuro imperador do Brasil como Pedro I. Com a morte do irmão mais velho José, que seria o herdeiro direto ao trono, assume em 1792 a regência do reino, em virtude da loucura da mãe, a rainha Maria I.

Com a morte da mãe em 1816, torna-se rei. Retorna a Portugal em 1821, pressionado pela corte para enfrentar o movimento constitucionalista, e é obrigado a aceitar o papel de monarca limitado por uma Constituição.

Em detrimento da crise que Portugal sofria em 1821, D. João VI decidiu fazer uma moeda de metal não precioso (bronze), mas de grande tamanho e peso, para que desse ao povo a sensação de que valia muito, tentando driblar a inflação, para isso mandou derreter todos os canhões dos navios de guerra e dos fortes do exército e, também, centenas de sinos das igrejas, o que acabou gerando uma forte revolta do clero português.

Em 1823 readquire a plenitude de seus poderes com a ajuda do filho, o infante D. Miguel, que no ano seguinte tenta depô-lo em favor de sua mãe Carlota Joaquina, mas D. João VI destituí o filho, forçando-o a exilar-se. Em 1825 reconhece a independência do Brasil. Morre em Lisboa – suspeita-se de que tenha sido envenenado.

Dentre todas as moedas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, apenas a moeda de 40 réis de bronze, conhecida como “Pataco Canhão”, apresenta uma legenda única, cujo uso não se repete em nenhum outro valor: “UTILITATI PUBLICÆ”, estas palavras, que podem ser traduzidas como “Utilidade Pública” ou “para Utilidade Pública”, tem relação direta com o propósito de criação da moeda.

Um fato interessante é que D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil) e seu irmão D. Miguel, continuaram com as cunhagens mecânicas de ouro, prata e cobre, semelhantes às de seu pai, D. João VI, e também fizeram os “Patacos Canhão” de bronze, que de tão pesados serviam de arma de arremesso durante a guerra entre os dois príncipes pelo trono de Portugal.

* José Ricardo Smith é professor e numismático.

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