Monitorados desde a desova, cerca de 5 mil filhotes de tracajá são soltos em lago no AP

Cerca de 5 mil filhotes de tracajá foram soltos na maior região de lagos do Amapá, no município de Pracuúba — Foto: Batalhão Ambiental/Divulgação

Por Wedson Castro e Edson Ribeiro

A Semana do Meio Ambiente encerrou com a soltura de cerca de 5 mil filhotes de quelônios da espécie popularmente chamada de tracajá, na maior região de lagos do Amapá, no município de Pracuúba, a 256 quilômetros de Macapá. A soltura também celebrou os 40 anos do Programa Quelônios da Amazônia, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Até o local da soltura, saindo da capital, são percorridos quilômetros de estrada e ainda um bom percurso de voadeira para chegar a um grande berçário natural, na Ilha da Ponta Baixa, dentro do Retiro São Tiago, em Pracuúba.

A ilha é cercada pelo chamado Lago Cumprido, onde também é a casa dos tracajás. A coleta dos ovos ocorre sempre no mês agosto e os ninhos são montados em um espaço chamado de chocadeira. Cada buraco tem cerca de 30 ovos, em média. E 65 dias depois da desova, nascem os primeiros filhotes.

Moradores da região acompanharam soltura no lago — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Após o nascimento os tracajás ainda passam 6 meses sendo cuidados para endurecer o casco. Uma das pessoas responsáveis por monitorar todo esse processo é Mário Vaz, apoiador do programa. Ele herdou do pai o amor pelo cuidado com os tracajás. A família fez da área onde vive um terreno em defesa dos bichos.

“Deixei meus projetos pra trabalhar com os quelônios. Meu pai me deixou essa virtude pra mim. Dediquei minha vida a isso. São 24 horas cuidando deles até eles ficarem madurinhos pra serem devolvidos à natureza. […] Coleto no campo, trago para a área chamada chocadeira, ali fica de 60 a 65 dias, depois vai pra caixa d’água, e lá são alimentados com lodo e ração para peixe, até eles ficarem maduros e poderem se defender do predador”, detalha Vaz.

Processo faz parte do Programa Quelônios da Amazônia — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O trabalho feito pelo apoiador é parte do Programa Quelônios da Amazônia. Quando foi criada a iniciativa, há 40 anos, a espécie estava desaparecendo dos lagos de Pracuúba, e na lista de quelônios em extinção. De lá pra cá mais de 150 mil filhotes ganharam a chance de tentar a vida no ambiente natural.

“Em vários locais elas não eram mais encontradas. Aqui a gente tem um índice bem alto, de 75% de nascimento dos ovos que são coletados. Esse ano, com as antecipações das chuvas mais intensas, teve uma pequena redução, mas anualmente – já tem 40 anos que esse projeto é monitorado – a gente tem um grande índice de nascimento e devolução de animais para a natureza”, cita a coordenadora do programa, Márcia Bueno.

Durante a soltura dos tracajás, não parava de chegar famílias das proximidades do município de Pracuúba. Mesmo debaixo de muita chuva, o momento mais esperado reuniu a comunidade e amantes em defesa do meio ambiente. Foi quando aproximadamente 5 mil filhotes de tracajás foram soltos, ganhando a liberdade natural pela primeira vez na vida. Os pais aproveitaram pra passar conhecimento aos filhos.

Há 40 anos, tracajás encontradas na Amazônia estavam ameaçadas de extinção — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

“Isso é muito importante para a natureza porque sabe lá se daqui a algum tempo tudo isso aqui ainda vai ter. Agora ainda tem um pouco, mas daqui uns 10, 20 anos, eu acho que não vai ter mais. Tem que cuidar”, comentou o servidor público Denis Castelo.

Quem viu tanta vontade de viver dos tracajás ficou marcado pela força e perseverança, do quanto o melhor caminho é cuidar do meio ambiente.

Fonte: G1 Amapá

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