O governador Camilo Capiberibe visitou nesta quinta-feira, 16, no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), as 47 mulheres (divididas entre as que irão fazer cirurgias e novas pacientes para avaliações) que participarão da terceira etapa do Mutirão de Cirurgias Reparadoras em Vítimas de Escalpelamento. A ação tem o objetivo de ajudar as pacientes na melhoria estético visual e na recuperação da autoestima das vítimas de escalpelamento, que desde o acidente sofrem discriminação e preconceito.
A iniciativa é do Governo do Amapá, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com apoio da Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (SIMS), Defensoria Pública da União (DPU) e Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP). O mutirão acontecerá nesta sexta e sábado, 17 e 18 respectivamente, no Hospital Estadual de Clínicas Alberto Lima e Hospital São Camilo, ambos em Macapá.
As operações serão realizadas por 42 médicos da SBCP, vindos de vários estados do Brasil. Trata-se de um trabalho social da Associação, com o apoio do governo do Estado, que dará toda a estrutura, como passagens, hospedagens, transporte e alimentação aos cirurgiões.
As duas fases anteriores e o apoio financeiro do Estado
De acordo com o coordenador do Mutirão, Edilson Mendes, na primeira fase, realizada em março de 2012, o mutirão atendeu 47 pessoas que passaram por cirurgias reparadoras. Na ocasião, os pacientes passaram por avaliações médicas. Na segunda, foram aplicados expansores, produto usado para esticar o couro cabeludo.
Edilson Mendes explicou que nesta etapa do programa, por ordem do governador Camilo, técnicos da SIMS realizaram um levantamento das vítimas de escalpelamento que estão inclusas no mutirão e os incluíram no programa Renda para Viver Melhor, do governo do Estado. Desta forma, as pacientes terão renda enquanto estarão no tratamento e impossibilitadas de trabalhar.
De acordo com a presidente da Associação das Vítimas de Escalpelamento, Rosinete Serrão, a iniciativa do governador Camilo Capiberibe em dar suporte aos médicos de fora do Amapá mudará a vida das vítimas para melhor.
“Esse momento é a realização de um sonho e estamos muito felizes pelo empenho do governador em apoiar o mutirão e ainda nos incluir no Renda para Viver Melhor. Isso mostra o compromisso do governador com as vítimas de escalpelamento no Amapá”, comemorou Rosinete Serrão.
Parceria e resgate da dignidade
Para o governador, quando essa tragédia acontece é preciso que a vítima receba o tratamento adequado, por isso o trabalho em conjunto com a SBCP. Camilo Capiberibe afirmou que essa parceria resgatará a dignidade das vítimas de escalpelamento no Amapá e promoverá a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
“Este não é um trabalho momentâneo, as vítimas receberam e terão todo o acompanhamento devido, desde as avaliações ao pós-cirúrgico, até que a recuperação dessas mulheres se dê por completo. A parceria com a DPU e SBCP os possibilita realizar essas cirurgias reparadoras e resgatar a dignidade dessas cidadãs”, pontuou o governador.
“Esta é uma importante política social. Estamos trabalhando para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que estão participando deste mutirão, é este o nosso objetivo e vamos trabalhar para isso”, garantiu o governador.
O escalpelamento
O escalpelamento de mulheres, crianças, adultos e jovens ocorre há cerca de 60 anos nos rios da Amazônia. O acidente acontece quando as vítimas, ao se aproximarem do motor da embarcação, têm seus cabelos violentamente puxados pelo eixo.
A rotação ininterrupta do motor, ao enrolar os cabelos em torno do eixo, arranca todo ou parte do escalpo da vítima, inclusive orelhas, sobrancelhas e, por vezes, uma enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até a morte.
O governador ressaltou que o Amapá é uma referência no enfrentamento do escalpelamento. Camilo Capiberibe enfatizou que o combate ao sinistro deve-se a iniciativa da deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), autora da Lei Federal 11.970/2009, que vigora desde julho de 2010, em todo território brasileiro, que consiste em ações de prevenção contra este tipo de desastre e melhoria da qualidade de vida das vítimas do mesmo.
Elton Tavares/Secom