O bordão do comunicador Chacrinha – Por Eliazar Bezerra

CHACRINHA – FOTO A.VENEZIANO DIVULGAÇÃO

Homenagear um dos grandes comunicadores foi o que uma emissora de televisão fez, recentemente, relembrando um dos maiores – senão o maior – comunicadores de televisão, José Abelardo Barbosa Medeiros – Abelardo Barbosa – ou simplesmente, Chacrinha.

Brasil tricampeão mundial de futebol, no México – Foto: Folha do Progresso

Década de 1970, saudosa infância, mês de junho, Brasil tricampeão mundial de futebol, no México. Lembro que, muitas vezes, eu via na televisão, na casa de vizinhos, um senhor de cabelos grisalhos que se vestia de forma engraçada. Ele usava uma cartola colorida e óculos “fundo de garrafa”. Tinha uma buzina que emitia um som alto e sempre expressava o bordão “Alô! Atenção! Quem não se comunica, se trumbica, meu filho”.

O comunicador, pelo fato de usar em seus programas aquele traje esquisito e usar o nome artístico de “Chacrinha”, achava-o um pouco estranho. Inicialmente pensei tratar-se de algum programa humorístico, sem graça. Na minha mentalidade de criança permanecia a lembrança de espetáculos circenses realizados na Praça Nossa Senhora da Conceição, Bairro do Trem, em Macapá (AP). Era a impressão que tinha.

Chacrinha e suas Chacretes – by Cine Zen Cultura

Em meados dos anos 80, ainda jovem, prestava mais atenção nas dançarinas “chacretes” do Chacrinha do que nele mesmo. Sim, porque elas faziam coreografias bastante simples ingênuas, porém sensuais, num esforço para acompanhar o ritmo musical. Incrível era que o velho guerreiro tinha um horário nobre importante, no final de semana, na Rede Globo de televisão, de grande audiência.

Com o advento do sucesso musical “Muito Estranho” de autoria do cantor e médico carioca Dalto, somente nos idos de 1990, já amadurecido por não me dar bem em determinadas situações decorrentes de falhas na minha comunicação com as pessoas, é que pude perceber a minha identificação com o badalado jargão do Chacrinha.

Hoje, percebo claramente a importância da comunicação, nos relacionamentos interpessoais.

A relação humana se realiza logo nos primeiros dias de vida, quando o ser humano, ainda lactente, descobre que ao abrir o berreiro verá saciada a sua necessidade de amamentação. Mais tarde, a criança descobre os artifícios da dissimulação e da persuasão e utiliza-os com frequência no momento de se comunicar para conseguir algo.

Na adolescência, surgem as primeiras paqueras e namoros. Na minha época, a conquista da “boa” namorada exigia uma “lábia” mais aprimorada. Na qualidade de adulto, descobrimos que uma boa comunicação pode ajudar bastante na realização de negócios e, consequentemente, no galgar do sucesso pessoal e profissional.

Atualmente, com 61 anos bem vividos e uma conquista no campo da comunicação social, tenho a convicção de que o ato de bem comunicar não pode estar restrito ao universo dos jornalistas, relações publicas e publicitários.

Hoje, sei que aquela figura da minha infância distante, consagrada como o rei da comunicação brasileira, de nome José Aberlado Barbosa Medeiros (Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa…), o saudoso Velho Guerreiro, o grande mestre Chacrinha, tinha total razão em sua ironia de forma direta.

Após décadas, caiu em minha mente a ficha. Ficou tudo bem claro, isto é, em qualquer atividade da via profissional ou pessoal, realmente ”quem não se comunica, se trumbica”.

É, Velho Guerreiro, já faz algum tempo. Tua lição permanece viva nas comunicações. Onde tu estiveres, aquele abraço!

Chacrinha faleceu no dia 30 de junho de 1988, às 23h30m, vítima de infarto do miocárdio e de insuficiência respiratória (câncer no pulmão), aos 70 anos, após apresentar seu último programa, já bastante debilitado e rouco.

*Eliazar Bezerra – Jornalista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *