O Dia do Goleiro

                                                              

Como eu já disse aqui, por diversas vezes, amo futebol. Hoje (26), é o Dia do Goleiro, a posição maldita do esporte bretão (chamado assim por ter sido inventado na Grã-Bretanha). Meu saudoso pai, José Penha Tavares, era goleiro. Posso afirmar, sem paixão (talvez com um pouquinho dela), que ele foi muito bom.

Papai agarrou pelos times amapaenses (quando o futebol aqui era amador) do São José e Ypiranga Clube. Também foi amigo de um monte de conhecidos boleiros locais. Infelizmente, meu amigo Leonai Garcia (que também mora no céu) esqueceu dele no seu livro “Bola da Seringa”.

Quando era moleque, acompanhei papai em centenas de peladas, torcia e sofria quando ele levava gols, principalmente quando falhava. Eu aprendi a admirar goleiros com ele. Lembro bem de expressões como: “Olha essa ponte!”, “Que defesa!” ou algo assim, bons tempos aqueles.

Eu bem que tentei jogar em todas as posições, inclusive o gol (sempre era o último a ser escolhido), mas nunca consegui me destacar pela bola. Não sei se as crianças de hoje ainda escolhem o pior dos meninos (ou meninas) para agarrar, aquilo é burling. Digo isso conhecimento de causa.

Quando digo que a posição é maldita, falo de uma série de injustiças que vi goleiros sofrerem ao longo dos meus 35 anos, mas uma é mais marcante, a crucificação do arqueiro Barbosa, da seleção de 1950. Há alguns anos, assisti a um documentário sobre a derrota para o Uruguai na final daquele mundial. Aquele homem foi estigmatizado até o fim de sua vida.

Em 2010, durante uma entrevista, Zico (não preciso dizer quem é né?) declarou que o Barbosa, no fim da vida, disse a ele: “Desculpe, mas gostei de ver você perder aquele pênalti em 1986, pelo menos me esqueceram um pouquinho”. Imaginem como o velho goleiro sofria pela falha de 1950? É a maldição do goleiro.

Este post é uma homenagem aos goleiros profissionais e peladeiros, que se machucam em saltos destemidos, levam chutes meteóricos no peito e no rosto, além de divididas violentas. Em especial ao meu pai, meu goleiro preferido.


Elton Tavares

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