O Pastelão – Por Marcelo Guido

Foto: Elton Tavares

Por Marcelo Guido

Se estiver andando na rua, ou em um pátio de escola ele vai estar lá, acomodado em estufas, nem sempre ligadas, esperando por você.

Formato triangular, com dobras de massa e possivelmente um presente escondido no meio, onde até saborear com dentadas vorazes pela massa com sabor de sonho, encontrarás um naco de queijo, apresuntado e, acreditem, já fui agraciado até com uma linda e formosa rodela de calabresa.

Foto: Elton Tavares

É amigos, falo do pastelão. Como não se apaixonar por tal iguaria, um ícone que não sai de moda, talvez por que nunca tenha entrado. Inesquecível como “Pirocóptero” e as formosas damas desnudas que estampavam os velhos calendários de bolso, que nos eram dados como brinde, geralmente no fim de ano.

Umas das primeiras regras que aprendemos na escola – não nas aulas – no recreio é: coxinha é bom, é gostosa e cheira bem. Mas o Pastelão é tudo isso e enche.

Por isso se destaca sobre aquela formosa bolinha de massa suculenta com recheio de frango, que alguns infelizes insistem em dar a primeira mordida no bico, quando sabem que o correto é sempre na bundinha. Coxinha com recheio de outra coisa é Rissole.

Pastelão com coca KS, coisa rara em minha cidade (infelizmente) é a combinação perfeita. Quem nunca se viu sentado em uma cadeira de ferro, apoiado em uma mesa bamba, com os cotovelos mordendo o pastelão e sugando através de canudos coloridos o saboroso liquido preto do capitalismo.

Existem seus primos, feitos da mesma linhagem de massa, com recheios aparentes e outro formatos esses são os enrolados, mas eles não têm o charme do nosso herói. Herói sim, pois sacia fome, te deixa satisfeito e te recoloca na caminhada da vida.

Foto: Alê Moutinho

O segredo de como fazer deve ser aqueles bem incautos, fico imaginando uma ordem emblemática que se reúne todas as quintas-feiras em templos onde poucos cidadãos escolhidos a dedo podem compartilhar tal informação, devem ser os Grãos Mestres Pasteleiros, da ordem cristã “SALVE PASTELÃO”.

Falo isso por que quem sabe fazer não passa a receita e quero que fique assim, não quero ninguém metido a besta inventando algo como “Pastelão Gourmet”, isso seria um verdadeiro desastre.

Em minhas andanças, certa vez o encontrei em outra cidade e lá o batizaram como folheado. Triste para algo tão bem nomeado, paulista não sabe nem comer pizza, vai lá saber nomear salgado. Perdoe, eles não sabem o que falam.

Pastelão é isso, quanto mais gorduroso melhor. Mata a fome, tem gosto de infância, te faz refletir sobre situações diárias. Com coca cola, combinação perfeita, um free depois para arrematar.

Foto: Marcelo Guido

Faça a experiência, chegue cedo, mas cedo mesmo às sete da manhã, vá na padaria do bairro – não naquela coisa sem graça do supermercado – peça um da primeira linhagem do dia, primeira edição. Quentinho, acompanhe com uma bela coca gelada, se não tiver KS peça em lata. Irás sentir, sem sombra de dúvidas, a melhor sensação do dia. Como o beijo da pessoa amada.

Felicidade, teu nome é Pastelão.

*Marcelo Guido é jornalista, pai da Lanna Guido e do Bento Guido e maridão da Bia, além de fã de pastelão.

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