O velho, a loja e o Vasco – Por Marcelo Guido

A temporada futebolística de 2019 acabou para a maioria dos clubes e para o Vasco não foi diferente. Dentro das quatro linhas, um time limitado, um técnico vencedor e uma torcida que abraçou o time de forma poucas vezes vista no Brasil.

Longe de ter o que se comemorar de fato, mas passamos longe do desespero. O “pofexô” Luxemburgo cumpriu o que prometeu ao assumir o clube na zona de rebaixamento, entre os últimos na colocação da tabela.

Primeiro saímos da zona da confusão, rumamos ao meio da tabela e sim, conseguimos algo a mais no fim das contas. O Vasco não brigou para se manter na primeira divisão, o Vasco se manteve e não foi mais longe dentro do que podia, por erros seus mesmo. Pontos perdidos quando pareciam ganhos, erros grosseiros que mostraram a todos os que entendem de futebol, as limitações do elenco.

Bom, como já frisado, 2019 se foi para o Vasco; apenas a Taça Guanabara e o abraço secular da torcida que mais que dobrou o número de sócios torcedores para ser lembrado – esse sim motivo de grande orgulho. E 2020 nos parece ser mais real a partir de agora, nos últimos dias, horas; a probabilidade da entrada de um patrocinador controverso, mas com um cofre abarrotado de dinheiro fez com o que a torcida ficasse de orelha em pé. Se realmente a loja e seu dono aportariam em São Januário, como prováveis redentores do clube. Uma espécie de nova era.

Valores já são especulados, giram cifras astronômicas até onde sabemos. O Velho do Dinheiro, personagem que mais parece ter saído de um circo do que ser um empresário de respeito, olha para o Vasco e vê uma oportunidade de melhorar a própria imagem.

Oras, que outra torcida fez o que fez a do Vasco, no Brasil? Eu respondo: nenhuma. Qual outro clube de caráter popular, que sempre brigou pelos seus, que teve resposta histórica, que peitou mandatários e foi excluído de federação por apoiar seus atletas, que peitou gigante da comunicação? Respondo mais uma vez: nenhum.

Isso não passa despercebido aos olhos desse tipo de gente – que nada tem HAVAN, opa, haver com a história do Vasco. Sempre fomos mais povo que elite, mais clube do que time. O Vasco fez sua raiz popular e não é patrocínio que vai acabar com essa bela história. O futebol se fez negócio, e pra isso precisa de receita, não se monta elenco sem dinheiro.

A paixão nesse caso não alimenta. Somos escravos de cotas de TV que a cada ano são menores. Vimos o maior rival organizar as contas, atrair investidores e depois de 38 anos, ter um ano realmente perfeito. Vemos o time do Palmeiras montar cada vez mais um elenco maior e milionário a cada ano. E não tenha dúvidas: quem não fizer o mesmo, vai ficar para trás.

Não somos o “Massa Bruta”, que depois da Red Bull, será apenas uma bela lembrança da fenomenal camisa carijó. O Bragantino disputará a primeira divisão já com outro nome. Uma pena. Não sabemos ainda o que vai acontecer, mas como proprietários do clube, iremos ficar de olho. Não seremos o Corinthians a sorrir com aqueles dólares trazidos pelo gângster iraniano bancado por russos em 2005.

O Vasco, clube que se orgulha de sempre estar do lado certo da história, terá que escolher: ou adequa-se a uma nova realidade, ou continuará à margem dos futuros grandes feitos.

Infelizmente.

Marcelo Guido é vascaíno.

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