OS TRÊS MOSQUETEIROS – Retalhos da vida (Por Obdias Araújo)

Fotos: Google e blog Porta Retrato

Os meninos caminhavam pela Avenida Feliciano Coelho, em direção à ladeira que levava à praia da Vacaria do Barbosa. Troncos de buritis e árvores que a força do Amazonas arrancara pela raiz lhes serviriam de ponte.

Jorge, o mais velho, carregava uma sacola com um garrafão de vinho e meio quilo de piracuí, surrupiados da Casa Santa Maria, do senhor Eurico Vilhena, pai de um deles.

Assim que chegaram à praia, sentaram-se aos pés de um imenso assacuzeiro e sacaram desajeitadamente a rolha do garrafão de vinho. Os copos foram então distribuídos entre eles e o natal dos meninos começou.

Quando o garrafão estava pelo meio, os meninos entraram no rio e numa jangada improvisada com troncos de aningueira lançaram-se ao largo.

Não fora a intervenção do Guarda Territorial Adonias Trajano, os três meninos, vencidos pela correnteza do Rio-Mar, certamente morreriam.

Aliás, Jorge morreu alguns anos depois, coincidentemente afogado enquanto tentava arrancar ouro do fundo de um grotão no Garimpo do Lourenço.

O do meio vive hoje uma situação delicada. Não anda mais. O diabetes associado ao uso exacerbado da bebida o matam aos poucos. A aposentadoria compulsória o deixou em razoável situação financeira.

O mais novo, bem… O mais novo escreve versos e luta contra seus próprios dragões, embalado por um sonho.

Um lindo sonho de amor…

Obdias Araújo

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