Por Fabiana Figueiredo
Reconhecido há quase um ano como patrimônio cultural imaterial do Brasil, o marabaixo está sendo levado até sete municípios amapaenses até novembro, com apresentações de grupos tradicionais e palestras. A iniciativa é um dos passos realizados para salvaguardar e divulgar o estilo, que é a principal manifestação do estado do Amapá.
A 1ª Ação de Salvaguarda do Marabaixo iniciou no dia 16 de setembro e já fez visitas a escolas de Calçoene e Amapá. Nesta terça-feira (1º) é a vez dos estudantes e moradores de Tartarugalzinho conhecerem a manifestação, na escola Alzira de Lima Santos
Organizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto leva informações sobre a criação, história e qual a importância atual do marabaixo para o estado, como proposta para fortalecer e perpetuar essa manifestação.
Na ação, os municípios recebem equipes do Iphan e pessoas que dançam e tocam o marabaixo. Eles visitam as instituições, dão palestras, distribuem materiais informativos e exibem um documentário produzido sobre o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Marabaixo. A visita finaliza com apresentações do grupo para a comunidade.
Apesar de ser realizado no ambiente escolar, a programação é aberta ao público e é gratuita. Para os grupos marabaixeiros, a proposta é, além de difundir a cultura dentro do ensino escolar, expandir o ritmo pelos 16 municípios do estado.
“Apesar de ser nosso, o marabaixo está muito centralizado em Macapá. Precisamos levar para todos os municípios através de um calendário cultural nas cidades, para depois trabalhar na formação de novos integrantes e formação de grupos”, cita Elísia Congó, líder do barracão Dica Congó.
Em 2018, antes de ser eleito patrimônio cultural imaterial do Brasil, o marabaixo foi tema de aulas em escolas de Macapá. Estudantes aprenderam percussão no ritmo marabaixeiro durante o Ciclo do Marabaixo.
O marabaixo é caracterizado pelos cantos e pela dança que narram a luta e a fé dos negros durante a urbanização da capital, em paralelo com o avanço do cenário histórico-cultural.
De acordo com o Iphan, os bens culturais e imateriais se caracterizam pelo saber popular através de crenças, ritos, práticas, além de manifestações musicais, plásticas e literárias.
O diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Queiroz, destacou que foram adotadas a curto, médio e longo prazos pelo menos 10 linhas de ação, que incluem identificação de comunidades, documentação e publicação de memórias e bibliografias dos mestres do marabaixo e a criação do Museu do Marabaixo.
A origem do nome remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima.
Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se fazia um marabaixo. A herança é deixada de pai para filho, e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros.
“Os ‘ladrões’ são as músicas do marabaixo cantadas pelas cantadeiras e pelos cantadores. Algumas pessoas têm a responsabilidade de cantar o ladrão colocando os versos, esses são os puxadores, enquanto outros respondem entoando o refrão, que geralmente é o primeiro verso de cada composição”, explica o Iphan.
Programação da 1ª Ação de Salvaguarda do Marabaixo:
Município: Tartarugalzinho
Data: 1º de outubro (terça-feira)
Local: Escola Estadual Alzira de Lima Santos (Rua Getúlio Vargas, s/n, Novo I)
Município: Ferreira Gomes
Data: 4 de outubro (sexta-feira)
Local: Escola Estadual Prof Maria Iraci Tavares (Rua Duque de Caxias, 521, Centro Histórico)
Município: Serra do Navio
Data: 22 de outubro (terça-feira)
Local: Escola Estadual Dr Hermelino Herbster Gusmao (Rua Beco Sete, 589, Vila)
Município: Pedra Branca do Amapari
Data: 24 de outubro (quinta-feira)
Local: Escola Estadual Prof Maria Helena Cordeiro (Rua da Paz, 63, Central)
Município: Porto Grande
Dia: 5 de novembro (terça-feira)
Local: Escola Estadual Prof Maria Cristina Botelho Rodrigues (Avenida 8 de Agosto, s/n, Centro)
Dia: 7 de novembro (quinta-feira)
Local: Instituto Federal do Amapá – Campus Porto Grande (Rodovia BR 210, Km 103, Zona Rural)
Fonte: G1 Amapá