Pelo segundo ano consecutivo, bolsista da Unifap vence prêmio nacional do CNPq

A iniciação científica e tecnológica (IC&T) da Universidade Federal do Amapá (Unifap) tem colhido reconhecimento nacional pelo trabalho desenvolvido dentro das pesquisas da Instituição. A egressa do curso de Farmácia e mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Jennifer Cavalcante, venceu a 15ª edição do Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na grande área Ciências da Vida. O resultado foi divulgado na última terça-feira, 22. É o segundo ano consecutivo que um bolsista de IC&T da Universidade leva a premiação.

Com o título “Avaliação da atividade anticárie de nanopartículas poliméricas carregadas com ácido anacárdico”, o trabalho premiado é um resumo do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jennifer e fruto da pesquisa desenvolvida há dois anos pelo professor de Farmácia Fábio Oliveira, em parceria com outros grupos de pesquisa nacionais e internacionais, na qual Jennifer foi bolsista de iniciação científica.

Para Jennifer, a premiação é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido ao longo dos dois anos em que foi bolsista de iniciação científica no curso de Farmácia da Unifap. “[O prêmio] mostra que estamos conseguindo alcançar resultados que podem ser reconhecidos nacionalmente e que o Amapá está crescendo em relação à pesquisa. (..) É um trabalho bastante inovador com uma aplicação muito necessária mas pouco pesquisada, então eu acho que é um reconhecimento muito grande não só para mim, mas também para o curso de Farmácia e para a nossa Universidade, que estão ganhando um prêmio a nível nacional pelo segundo ano consecutivo “, avalia.

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Helena Simões, ressalta que o fato da Unifap ter conquistado uma premiação nacional por dois anos consecutivos coloca a Universidade dentre as poucas instituições brasileiras de ensino e pesquisa que receberam duas premiações de iniciação científica em pouco tempo.

“O Prêmio Destaque que o CNPq nos concede demonstra o potencial dos nossos jovens alunos para atuar na pesquisa e quão talentosos são nossos professores pesquisadores para orientá-los na produção do conhecimento. Eles são nosso orgulho e contribuem para o desenvolvimento do Amapá”, afirma.

O orientador de Jennifer e professor do curso de Farmácia, Fábio Oliveira, concorda que o prêmio do CNPq é um reconhecimento importante para a pesquisa que foi desenvolvida e que, apesar das dificuldades encontradas, os pesquisadores da Universidade estão conseguindo gerar bons resultados e dando visibilidade à Instituição.

Nanotecnologia no combate e prevenção à cárie

A pesquisa desenvolvida por Jennifer aliou nanotecnologia (manipulação da matéria em uma escala molecular) e um ativo natural, de origem vegetal, para estudar uma maneira mais eficaz de combater e prevenir a cárie, doença que atingia 2,4 bilhões de pessoas no mundo em 2016, segundo estudo realizado pela Universidade Queen Mary, em Londres.

Ao longo da pesquisa, a bolsista de iniciação científica desenvolveu uma nanopartícula que teve o ácido anacárdico, que foi extraído da casca da castanha de caju, incorporado à sua estrutura para potencializar a atividade antimicrobiana do ácido com a intenção de se avaliar a eficácia na prevenção da cárie. Nanopartículas são partículas minúsculas, com tamanho que variam entre 1 e 100 nanômetros (um nanômetro equivale a um bilionésimo de 1 metro), que adquirem propriedades químicas, físicas ou mecânicas diferentes daquelas do material de origem.

“Dentro das propriedades biológicas que ele [ácido anacárdico] possui, temos a atividade antimicrobiana. Queríamos saber se, através da nanotecnologia, conseguiríamos diminuir a concentração de efetividade dele e, assim, usar menos doses para manter a efetividade. Então incorporamos esse ativo nessas nanopartículas e conseguimos um resultado muito promissor frente à bactéria que é agente causadora da cárie. Ele foi tão eficaz quanto o antisséptico que é comumente utilizado, a clorexidina, que apresenta uma série de efeitos adversos com o seu uso prolongado”, explica Jennifer Cavalcante.

Inovação ̶ Fábio Oliveira acredita que o ponto inovador do trabalho foi a comprovação de que a nanopartícula desenvolvida por Jennifer possui uma ação antisséptica mais eficaz e com maior durabilidade que a clorexidina (gluconato de clorexidina ou digluconato de clorexidina), que é a substância antisséptica utilizada hoje nos enxaguantes bucais existentes no mercado.

“Microbiologicamente comprovamos esse efeito, porque em um microfilme de cinco dias, que seria a formação da película da placa dentária, essas nanopartículas impediram totalmente a formação da placa bacteriana durante cinco dias com uma única aplicação. (…) No teste físico, observamos que durante sete dias as nanopartículas permaneceram na superfície do dente, ou seja, elas teriam um efeito residual muito prolongado. Se vier a existir antissépticos com esta nanopartícula em sua fórmula, ao invés de precisarmos enxaguar todos os dias, poderíamos fazer isso uma vez por semana”, aponta Fábio.

Jennifer e o orientador da pesquisa depositaram ano passado o pedido de patente da formulação desenvolvida no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e estão aguardando a publicação da patente pelo órgão. Com essa solicitação, a Unifap já possui oito patentes depositadas pelo Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (Nitt).

O Prêmio

O Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica tem como objetivo reconhecer os bolsistas de iniciação científica e tecnológica que se destacaram de acordo com os aspectos de relevância e qualidade do seu relatório final, bem como as instituições participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic).

Em sua 15º edição, participaram 157 instituições, sendo 112 universidades e 45 institutos de pesquisa, e 377 relatórios de bolsistas de IC&T de todo o país, sendo 140 de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; 132 de Ciências da Vida, e 105 de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.

Os vencedores receberão R$ 7 mil em dinheiro, bolsas de mestrado ou doutorado, passagens aéreas e hospedagem para participar da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a ser realizada em julho em Maceió (AL).

*Com informações do CNPq
* Fotos: AER/Unifap

Texto: Jacqueline Araújo
Jornalista – DRT 2633/PA

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