Pioneira Luzair Costa, que vinha lutando contra o câncer, morre aos 74 anos

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O cortejo foi digno de um chefe de poder, com honras fúnebres, batedores da Polícia Militar e a presença do governador, deputados, membros do Poder Judiciário além de gente humilde que foi dar o último adeus a pioneira Luzair Costa, falecida na quinta-feira, 1, por volta das 18h.

Luzair Maria Nascimento da Costa tinha 74 anos e vinha lutando há vários meses contra um câncer que iniciou no pâncreas. A doença só foi detectada este ano, o que retardou o tratamento. O câncer de pâncreas não apresenta sinais específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os sintomas dependem da região onde está localizado o tumor, e os mais perceptíveis são: perda de apetite e de peso, fraqueza, diarreia e tontura.
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Mesmo doente, “Dona Loló”, como era conhecida, continuava a rotina diária de receber amigos, cuidar de enfermos e dar comida aos pobres. “Era surpreendente a hospitalidade e generosidade dessa mulher, que mesmo sem muito estudo, era de uma sabedoria ímpar e de uma bondade inigualável”, disse emocionada a professora doutora Norma Iracema, docente da Unifap.

O governador Waldez Góes, que ficou durante toda a cerimônia, destacou que “não deve ter sido fácil, com todas as limitações, criar e educar 10 filhos e quase 40 netos e ainda ter disposição para ajudar o próximo”. E emendou: “Dona Luzair sempre se orgulhava do fato de filhos e netos terem conseguido lugar de destaque na vida pública”.

O deputado Cabuçu, filho do pioneiro Miguel Pinheiro Borges, lembra da amizade que o pai nutria com o casal Heráclito e Luzair e do esforço do casal em criar os filhos. “Minha família, assim como a de dona Loló, é numerosa, e sabemos o quanto é difícil garantir o pão de cada dia, muito mais a educação diária”.

O deputado estadual Pedro DaLua, emocionado, disse que muitas decisões políticas importantes para o estado foram tomadas na mesa do café de dona Loló. Desde as 6h da manhã, filhos e amigos chegavam todos os dias para visita-la, conversar com ela e ouvir seus conselhos. “Será difícil entrar em sua casa e saber que ela não estará mais lá para nos receber”, disse.

Para o médico e deputado Antônio Furlan, o maior exemplo de dona Luzair foi a humildade. Ele esteve com ela, no hospital São Camilo onde foi internada, poucos minutos antes do falecimento e foi o primeiro, junto com o deputado DaLua, dos amigos da família, a chegar. “Ela era incapaz de pedir qualquer coisa. Mas seus atos de bondade e sua generosidade nos compeliam e estar a postos para ajudá-la em seus propósitos”.

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Os filhos

Dona Luzair foi mãe do advogado Lucivaldo Costa (chefe do núcleo de Defensoria Pública em Porto Grande), Ronaldo Costa (servidor público estadual e pastor evangélico), Heraldo Costa (juiz de direito da Comarca de Tartarugalzinho e idealizador do projeto Casamento Comunitário), Leidelene Costa (socióloga), Lenildo Costa (sargento da Polícia Militar), Edinaldo Costa (enfermeiro, advogado e serventuário do TJAP), Elienaldo Costa (contador, ex-secretário de obras em vários municípios e atual gestor do Fundo Municipal de Habitação), Renivaldo Costa (jornalista, sociólogo e diretor-geral da Alap), Renilda Costa (advogada e secretária de Estado da Saúde) e Heráclito Junior (administrador e servidor dos Correios).

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Biografia

Luzair Maria Nascimento da Costa nasceu em 11 de janeiro de 1942 na cidade de Afuá, Estado do Pará. Desde cedo, passou a ajudar os pais, Jerônimo Ferreira e Maria Nascimento, nas atividades extrativistas, pesca, plantio e no cuidado dos irmãos menores.

Ainda adolescente, conheceu o companheiro Heráclito Mendes da Costa, com quem foi casada por 54 anos. No final dos anos 1960, ela veio para Macapá com o esposo e os filhos Lucivaldo, Ronaldo e o pequeno Heraldo. Na capital amapaense, nasceram Leidelene, Edinaldo, Lenildo, Elienaldo, Renivaldo, Renilda e Heráclito Júnior.

“Nos anos 60 muitos de nossa família vieram para Macapá. A vida ribeirinha, mesmo cativante, era difícil, e nossos pais buscavam a oportunidade de dar formação e mais qualidade de vida aos filhos”, relata a juíza Eliana Nunes Pingarilho, sobrinha e filha de Manoel Nascimento, irmão de dona Luzair.

Em Macapá, a família desenvolveu durante muitos anos o comércio de madeiras e de lá garantiu o sustento e a formação dos 10 filhos. Dona Luzair sempre se orgulhava disso e do fato de filhos e netos terem conseguido lugar de destaque na vida pública.

Evangélica desde os 17 anos, era membro há mais de 50 anos da Igreja Assembleia de Deus. Ela e o marido ajudaram na construção de diversos templos. O sonho dela era ver a catedral da denominação religiosa ser concluída. Ela vinha ajudando na obra. Não conseguiu…

Texto: Caroline Belfor
Fotos: Arquivo da familia

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