PM na TPM (Crônica de Ronaldo Rodrigues)


Meu amigo João Grandão namora um soldado da Polícia Militar. Calma, gente! É um soldado da ala feminina da PM. Isso mesmo! Uma soldada. As brincadeiras dos amigos são inevitáveis:

– Como foi que ela te prendeu, hein? 

– É verdade que as soldadas da PM gostam de algemar o cara na cama?

João Grandão sorri e vai seguindo a vida. Pega a namorada no quartel e leva ao cinema para assistir a um filme do Rambo ou coisa parecida. Ela é saradona. Ostenta uma musculatura máscula e uma autoridade militar que nem os generais da ditadura conseguiram.

João Grandão jura que, apesar de toda aquela demonstração de virilidade, ela é um doce. Sempre disposta a carregar as sacolas do supermercado, trocar o pneu e arrombar as portas que insistem em emperrar. Deixa que ele escolha as botas e não dispensa a opinião do namorado sobre o uniforme.

João Grandão só tem uma queixa uma vez por mês, quando ele aparece com o olho roxo, escoriações generalizadas e braço engessado. Nesses dias, ele se justifica com desculpas mais esfarrapadas que suas roupas. Diz que sofreu um acidente ou que foi assaltado. Mas nós descobrimos que o motivo da deformação da qual João Grandão é vítima todo mês vem de um fato comum a todas as mulheres. Quando a TPM baixa, a moça perde a doçura e ataca quem estiver mais perto. E quem está mais perto é sempre o coitado do João Grandão. 

Segundo ele, quando passa o período crítico ela volta a abrir o leque de carinho, afagos e atenção. Ela cura os ferimentos e os dois seguem a vidinha normal de casal apaixonado. Até o próximo mês e nova sessão de pancadaria.

Ronaldo Rodrigues

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