A espera dos barcos
Para Angelica Medeiros
I
Há algum tempo,
Os barcos se lançaram
Do vazio dos peixes
E do cio das solidões.
Aportaram
Na calmaria dos mururés,
Um vindo do norte
E outro vindo do sul.
Aportaram,
Enquanto as chuvas
Não paravam de cantar,
Em estação interna.
Ancoraram
Carregando histórias,
Frutos e exílios
Na secura do lago.
II
Esperam pacientes,
Em seus corpos anfíbios,
O sol de julho
Dentro dos corações.
E as pescarias que se anunciam
Com os ventos indomáveis
Vindos das águas
E das matas do futuro.
Júlio Miragaia