A FUGA
O sangue rosa dos teus lábios me manchava
Eu, quase homem, quase bicho, urrei na toca.
E quis morrer da solidão que o amor provoca
E, então, perdi o fio de razão que me restava.
Desci ao inferno para ver se te encontrava;
Lugar ardente e saboroso – era tua boca? -,
Onde a paixão passeia nua, e tudo evoca
Por mais paixão em meio a dor e fogo e lava.
Mas tu fugiste em disparada rumo ao nada,
Lá onde o som de amor é surdo e a luz, difusa;
Onde a ilusão se fantasia de verdade.
E tu sumiste pelo tempo, estabanada;
E te escondeste no vitral da luz confusa,
E eu te perdi na bruma espessa da saudade.
Ori Fonseca
1 Comentário para "Poema de agora: A FUGA – Ori Fonseca"
Fulgural!