ADEUS
Quando a morte chegar eu estarei à porta principal
À sua espera tendo em uma das mãos o bocal
De meu trombone polonês armado em dó
Que foi presente do Maestro Tenente Clodomiro Martins
E ninguém toca nele. Conversaremos por alguns minutos.
Ela a morte me narrará interessantes fatos de sua longa viagem
E eu lhe falarei depois do medo que tenho de não suportar
A falta dos amigos e a ausência dos carinhos da mulher amada.
À minha mão esquerda o retrato de minha mãe e uma lágrima
Cuidadosamente retirada de seu olhar de Santa.
Assobiarei baixinho Bolero de Maurice Ravel
E bordarei no centro do meu peito
Um Sinal-da-Cruz imaginário.
Obdias Araújo (para Fernando Canto)