ALMOÇO
Recorro nesta manhã de sábado
onde preparo um almoço
cheio de pancs
ao inútil sentimento de te amar
aos teus olhos perdidos
num tempo onde a tábua de cortar
tempera-se de lamento
Recorro ao teu olhar indecifrável
cheio de um ferimento
onde não foi usado o exato merthiolate
Recorro ao abstrato prato
que não servirei no teu almoço
Recorro ao cheiro do teu pescoço
onde cravei meu nariz enxerido
numa infeliz tentativa
de alvoroço no teu olhar
Recorro no fim das pancs
à minha sanidade mental
para picar as cebolas tradicionais
e fazer chorar esse amor acidental
CARLA NOBRE
1 Comentário para "Poema de agora: Almoço – Carla Nobre"
Ave, Carla Nobre!
Que desabe o eu lírico a cortar cebolas e a esconder a dor do amor que na alma ancorou.
A reclamar a fome de amar para o coração que chorou.
Belíssimo poema nobre poeta Carla, minha companheira nas letras e na poesia. Obrigada tu que engrandeces nossa arte e o nome do Amapá.
Parabéns pelo belo poema.
Comun afetuoso abraço da amiga,
Leacide Moura.