Poema de agora: Amazônia – Ricardo Iraguany

Amazônia

Face parda, pés descalços
Pensamento sonhador
Peito largo e olhos graúdos
Seringueiro ou pescador
Com a certeza da incerteza
Vai remando sua dor
Enterrando sua tristeza
Com a fartura que acabou
Amazônica foi violentada


E toda maldade nela penetrou
Aculturação, mercúrio e queimada
Capital e seus homens sem amor
Pra onde foi cobra Norato
E o uirapuru tão cantador
O açaí foi desmatado
Virou palmito sem sabor
Caipora já sumiu
Boto sinhá não mais boiou


No matapi restam histórias De algum velho contador
A Amazônia foi violentada
E toda a maldade nela penetrou
Aculturação, mercúrio e queimada
capital e seus homens sem amor
Amazônia nossa hileia, nosso éden,
Quintal Santo, nosso encanto
Meu canto de beija-flor
Amazônia!
Amazônia!
Amazônia !

Ricardo Iraguany

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