Poema de agora: Aquela máquina de Digitar Afetos – Jaci Rocha

Aquela máquina de Digitar Afetos

Aquela máquina de Digitar afetos
Nunca mais escreveu a palavra “Meu amor”
Por onde andas,
Afinal?

Verbo que é cheiro
Quanta falta tu faz em meu jardim…

Nem sempre fui assim, tão dislexa à paixão
Já fui mais atenta ao meu próprio coração
Mas a vida é assim,
Depois que passei a usar relógio

O tempo caçoa de mim:
– Faz com que tudo tenha exíguo começo, meio e fim –

É que o amor não cabe no curto espaço de 24 horas
isso aos poucos, creia,
A tudo devora –
E apavora

Mas… acalma, Coração
– Quem sabe ainda temos
Uma eternidade a mais
Na próxima Oração –

Quem sabe a gente se tropece
Em meio ao burburinho de um café
Quem sabe aquele velho ditado (Clichê)
Ainda esteja de pé

Ah! Incerta beleza de existir.
O verbo futuro é ingrato
Descumpridor nato
De quem achamos que seremos…

Faz tempo que não chove em Macapá
Mas o Equador vira água num súbito instante!
Quem sabe a vida seja assim: de se sentir o sabor
E agora, sob o intenso calor,

Me demoro a tentar compreender
O porque essa máquina (de bater)
nunca mais digitou a palavra
“Meu amor”…

Jaci Rocha

Fonte: A Lua Não Dorme.

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