Poema de agora: AS ANGÚSTIAS SE CURVAM – Saulo Mendes

AS ANGÚSTIAS SE CURVAM

As angústias se curvam
ao peso de uma só dor.
Uma só memória cala
a força, a vontade, a cor.
Poderíamos estar juntos
se não fosse a conjuntura.
Doze espinhos são encravados
aos gritos, sem compostura,
na forma bruta da morte,
na desmemória dos jovens
na face da própria sorte.

Doze horas são passadas
antes que a última vez
se projetasse ao futuro
na glória de cada mês.
Doze instantes sem tarjeta
mudaram-se em flores mortas
cresceu força da sarjeta
rompendo amarras e portas.
Nova vida rompeu seio
E aos gritos cada manhã,
queimou formas, vias e meios
conformou todo o amanhã.
É preciso ainda esperar,
ainda espero, ainda que venha
a doce força de um mar.

Saulo Mendes

*Saulo Mendes foi um poeta carioca que se instalou por aqui nos anos 70, Era compositor, poeta, radialista e diretor teatral, inclusive montou duas peças, de autoria dele: o Louco, encenada no auditório da Rádio Educadora e Morte e Vida Severina, encenada no Cine Teatro Territorial. Foi casado com a cantora Lurdinha Mon’Alverne e morreu nos anos 80 em acidente na Br-156.
**Contribuição de Fernando Canto.

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