Poema de agora: ASTRONAUTA DE ELASTÔMERO de Marven Junius Franklin.

Imagem: Katanaz

ASTRONAUTA DE ELASTÔMERO

Minutos após meu pai ter fenecido [carpido pelas unhas truanescas das sombras]
seus olhos indagaram-me e abarrotaram-se de temor.

Horas após meu pai ter fenecido [afundido por intensos vendavais] aguardei que naus assombradas o trouxessem de volta… indumentado como um rejuvenescido flibusteiro castelhano.

Dias após meu pai ter fenecido [levado para a região dos anoiteceres com sol] eu morri um pouquinho… absorvendo suaves porções de impassibilidade – sepultando anseios e veleidades em desmesuradas valas-comuns de medo.

Semanas após meu pai ter fenecido… eu fui com ele um bocadinho disfarçado de astronauta de elastômero para lhe auxiliar na tomada de posse [de seu novo condado].

Ó pai, mil invernos até que te ache!
vestido com paletó bem cortado… solvendo um apropriado bordeaux na calçada de um modesto café parisiense.

Marven Junius Franklin.

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