Poema de agora: Balada para fazer recomeços – Luiz Jorge Ferreira

Balada para fazer recomeços

Meu coração é louco.
Eu sou destro, ele é canhoto.
Olha sempre para o alto, é míope, mas quer enxergar Andrômeda.
Domingo diz que vai estar em Janeiro.
Eu sou Julho.

Meu coração é cabisbaixo quando recorda do passado.
Anunciou aos muros em ruínas que tem uma máquina do tempo.
E jorra sangue para meu cérebro.
Para que eu enxergue a alma.
Ama as Músicas das outras décadas.
Dança sozinho quando eu me aproximo do espelho.

Meu coração é louco.
Já criou Deuses, já desceu ladeiras, já fez monólogos, para pulgas Norte-americanas, falado em Esperanto.

Hoje me pregou uma peça…quis sair de mim
batendo descompassado,ao Som de uma Canção do Jards Macalé.

Onde vais?…perguntei.
Gritei …Quo Vadis.
Em latim.
…se tu fores de mim.

Nunca mais eu serei eu. Ameacei gritando aos ventos que sacudiam as venezianas.
Ele riu…e voltou…escondendo um par de Asas, que só me mostrou quando choveu sal em Outubro.

Luiz Jorge Ferreira

 

* Do livro de Poemas “Nunca mais sairei de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – 2019 – São Paulo.

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