Cai a tarde em SP
Os pombos passeiam
Os curiós cantam
E outras aves, desconfiadas
Fiscalizam o passa-passa das calçadas
Há pressa, música, poesia, trabalho, fome
Vício, ócio e beleza
No concreto anunciado (das esquinas*) do parque da Aclimação.
A cidade que não dorme,
Feito a lua ou coruja
Passa a noite inteira gorjeando
Sua própria sinfonia
De concreto, de borracha
De pneus e aves que cantam
Tudo mescla a poesia alucinógena de SP
E eles passam, os desvairados da Paulicéia,
Com passos tão largos e olhos tão vagos
Tão acostumados
À curiosa agitação…
Eu, cheia de Belchior,
“Lágrimas nos olhos de ler o Pessoa”
Sou susto e caos, encantamento e medo
Molhada pela cotidiana garoa…
E entre as lembranças da poética
De Rita Lee, Raul, Caetano e Chico
Sinto, como qualquer um que chega ao teu ciclo,
“Inocente, pura e besta”.
Jaci Rocha
*Menções a Belchior e d.Raulzito.