Poema de agora: CINEMASCOPE – Luiz Jorge Ferreira

CINEMASCOPE

Eu no Cine Macapá.
Sean Connery doutro lado da rua, apalpando as costas da lua.
Rin tin tin latindo para as pipas coloridas que riscam o céu blue de blues.
Tenho o bolso cheio de lágrimas grisalhas, e dúzia de balas de Menta.
Tenho no bolso da calça Lee, o ano de 1962… esticado desde lá até 2019.

E como as rosas de Isnard ficaram órfãs.
Eu desenho todos os desenhos que fiz no muro do IETA…no meu calcanhar.
E ando passos que tatuam a caminhada que faço…com ecos azedos do passado.


E onde está o 007…Onde estamos nos
As mãos ocupadas em desmanchar dos dedos, os nos, dados atoa, sobre a calçada…pintada de lilás.
Titânia e Oberon, luas de Urano, dependuradas na árvore, a terceira.

Aquela que as raízes como atrizes, por ouvirem tanto a voz de Marlene Dietrich, com seu sotaque alemão…dizem… Monsieur… Monsieur…jogue em nós…borra de café.

Detrás de nuvens de chuva, espiã o Sol.
Detrás dos meus óculos de grau.
Espio Deus.
Nenhum se vê perfeitamente.
Como doe um pouco o cariado dente.
Mastigo bala de Menta.
Foi um dia desesperançado de esperanças, aquele Domingo de Junho de 1962.

Eu no Cine Macapá.
Trato de copular com Brigitte Bardot.
Antes que a pipoca do saco de pipocas, acabe de acabar.

Luiz Jorge Ferreira

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