Conversas com José
A cada hora,
Batem os sinos,
Cantando, rítmicos
Que a vida passa.
É, a vida passa, José…
O vaivém da Maré
Engana os olhos, distrai a emoção…
E as aves cantam suas estrofes,
Nos parques da cidade
Onde pessoas correm, beijam e amam
Ou simplesmente andam…
Passa a vida, José…
Eu também tive de passar
E 2003 já se foi,
Outras lágrimas rolaram
Mas os sorrisos multiplicaram
Para salvar os dias, feito a chuva fina
Que cai em céus de equador…
E nada é igual,
Mas continuo íntegra
Talvez não tão inteira,
Pois não sei ser indiferente à dor…
E eu ainda me salvo daquilo que me mata:
A emoção da vida, a dureza do cotidiano
Que permeia toda crueldade
Como se tudo fosse apenas manchete de noticiário…
Mas há também tanta expressão de bondade!
A humanidade, aliás, permanece sempre dividida
Dentro de cada um, o bom e o mau
Na estranha agonia filosófica do mundo real…
E a vida passa, José…
E eu vou com ela,
E rego flores, e planto amores,
Até onde Deus quiser.
Jaci Rocha