Poema de agora: Cuidando da chuva sob a mesa – Luiz Jorge Ferreira

Cuidando da chuva sob a mesa

Ela diz que é gente.
Eu a belisco com minhas unhas sujas de piche…
Ela me diz que é Vênus.
Eu arranco uma tatuagem tribal do seu tornozelo esquerdo.
Esfrego sabão em seus olhos verdes.
E faço silêncio quando ela respira.

De manhã eu decoro a casa com mensagens, algumas coisas ouvidas no Colégio, outras lidas no Facebook.
As vírgulas, retiro de uma música de propaganda da Panair.
E os vestidos que dependuro na janela, e lhe mostro, recorto de uma antiga Revista Vogue, Pierre Cardin e Clodovil.

Os cães de louça olham-me, hostis.
Eu os acaricio com os adedos molhados de Anil.


Às 15:45… é hora do lanche.
Eu como você, e você me come.

Luiz Jorge Ferreira

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